A música é uma entidade concreta, isto é, que se situa no plano do sensível, audível. Mas dentro do reino da música é como se encontrássemos música acessível, paralela ao mundo concreto das figuras, cheiros, sons, e música menos acessível, paralela ao mundo invisível ou das coisas abstractas. Por isso, relativamente à música, seguindo esta tese, podemos dividi-la em concreta e em abstracta. Se isto for demais, diremos apenas que há música que apela directa e quase automaticamente às nossas emoções, e que há outra que não. Mas há muito boa música que apela automaticamente às nossas emoções, por exemplo a Mondschein do Beethoven. Ainda assim, talvez seja mais difícil de ouvir do que um hit pop. Aonde é que eu quero chegar? À ideia de que há música que é melhor do que outra porque não apela tão directamente às nossas emoções ou às nossas emoções mais fáceis. Mas estou completamente enredado porque o que são emoções fáceis? Sabemos o que é um sorriso fácil. O ponto que queria tocar é o de haver boa música e má música, mas estou a ver que o caminho que estou a levar para demonstrá-lo é sinuoso e cheio de incorrecções.
As pessoas às vezes querem um pouco mais. Não se satisfazem com sexo, precisam de carinho (o contrário também é verdade). Quando, musicalmente, queremos um pouco mais, não ligamos a rádio e ouvimos os hits. Procuramos algo que dê mais que pensar ou que exija mais atenção. Se calhar estou errado e procuramos simplesmente algo que nos dê prazer. Mas há prazeres mais requintados que outros. O mesmo na música: quando me referia a música abstracta queria talvez dizer música mais requintada, isto é, não banal. E o noise não é de todo banal, ao contrário da pop, que pode dar gozo aqui ou ali, mas que é banal.
sexta-feira, novembro 03, 2006
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