sábado, janeiro 13, 2007

Universais

Será que há universais? Quando pergunto isto penso em se a mesma coisa se nos pode apresentar ao mesmo tempo mas que seja mais que uma, exactamente a mesma coisa apresentar-se-nos duas vezes ao mesmo tempo. Porque isso é o que caracteriza o universal: pode apresentar-se duas vezes ao mesmo tempo, separadamente, como se fosse dois, dois iguais. Ou mais. E isso não me parece que haja. Tome-se duas coisas quaisquer que sejam são diferentes entre si, porque são sempre outras. Ou talvez não. Talvez a mesma coisa esteja presente em muitas coisas, por exemplo a humanidade no humano. Talvez hajam universais e particulares, coisas expecíficas de cada coisa e coisas iguais entre tantas outras. Mas o que caracteriza cada espécie é seu modo de ser e o que especifica ainda mais é o modo particular de cada ser, e quanto mais particular mais especifica. Mas também pode ser que o particular seja dominado pelo universal, e por exemplo o modo de cada ser humano, do humano, e não o humano o modo do modo de cada ser. Mas aí já estamos a pensar pelo menos um universal, e mais podem haver que não dependem de nós, apenas existem, queremos pensar universais que existam, para saber quais há. E quais os mais importantes para nós enquanto seres humanos. Os que tenham mais influência na nossa perspectiva do existir, na nossa consciência deste mundo, na consciência que temos deste mundo, no que ele é para nós, no próprio significado da palavra humanidade, para nos conhecermos melhor. A mesma coisa, a humanidade, existe em vários seres diferentes, e outras mesmas coisas existem em vários seres diferentes. Somos conjuntos de mesmas coisas. Um bocadinho aqui, um bocadinho acolá, um pouco mais, um pouco menos, as mesmas coisas diferentemente misturadas. E depois os todos, que são sempre diferente que as partes. Ou há duas coisas iguais? É o ser essa coisa que diferencia cada coisa de cada outra, é ser essa e não outra, o que em última instância a diferencia. É ser essa coisa particular. Mesmo que os universais sejam repetíveis, são sempre um particular repetível. Um particular é uma coisa específica. E só há coisas específicas. Porque cada coisa se distingue de cada outra. O universal existe só no particular. Ou os particulares podem ser feitos de universais diferentemente repetidos, por exemplo um homem com mais semelhanças com outro homem do que com uma serpente e esta com outra e mais do que com um homem. Mas são palavras que correspondem a coisas que servem para que designemos sujeitos particulares, ou conjuntos de sujeitos. A essência de cada particular é um universal. Cada coisa pode repetir-se. Um universal é sempre um particular. Só coisas particulares podem repetir-se, ou dizemos que os universais têm sempre semelhanças com os particualares, em serem isto ou aquilo. São sempre uma coisa específica. Cada universal distingue-se de cada outro e de cada outra coisa, por ser o que é e impossivelmente outra coisa ou necessariamente aquela. Tudo se apresenta com necessidade. É necessário que cada coisa seja o que seja. Isto caracteriza o real, e não os mundos pensados. Na realidade é necessário que cada coisa seja o que seja e cada coisa é o que é. Tudo é específico, tudo tem uma história diferente e tudo com coisas em comum. Tudo se relaciona. Tudo se toca por universais em diferentes quantidades, tudo de específico/diferente se relaciona.

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