domingo, dezembro 10, 2006

Luz

Preciso da luz da manhã
e de noites sóbrias.

Preciso de ti.

Preciso de algo que me faça acordar.
Nada me tem feito acordar.
Tenho acordado só por não ter sono.
Por mim dormia para sempre.
Mas agora já não quero isso.
Agora quero acordar e viver.
Quero a luz.
Sei que tenho muito querer,
mas tenho de ter querer,
para poder viver.
Não estou a fazer isto para rimar,
é a verdade.
Às vezes penso que só a morte
me faria acordar,
mas agora já não quero pensar assim,
quero viver na luz,
preciso da luz,
preciso da luz do Sol.
Sinto-me triste nesta escura e longa solidão
que um dia quis e que não quero mais.
Mais do que farto, sinto-me a morrer no escuro.
E não quero morrer, pelo menos já.
Preciso de voltar à vida.
Tenho de me sentir a voltar à vida,
preciso de algo que me puxe ou empurre,
mas não de caprichos,
de algo real,
para que me levante.
Talvez isto seja um começo.
Espero que seja um começo.
Tenho sofrido tanto, tenho morrido tão perturbado,
que só eu sei.
Ninguém sabe como tenho sofrido.
Sofro comigo próprio.
Há pessoas assim.
Não me falta nada, mas sofro.
Espero que isto não seja nenhuma sina:
isto não é uma sina!
Preciso da luz da manhã
e das coisas alegres da vida.
Quando penso chorar, não choro,
quando não penso chorar, choro.
Tenho-me sentido a desfalecer na escuridão,
e que escuridão, tão total!
Agora vou matar esta escuridão,
só assim posso sobreviver.
Tenho de acordar para a luz
e tenho de acordar com a luz,
tenho de ser luz.
Eu sei que consigo.

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