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Música por Merzbow.
quinta-feira, novembro 30, 2006
O bem e o mal
É uma questão interessante, importante e complexa, não por que existe o mal, mas: por que fazemos nós o mal? O que leva o homem a fazer o mal? Falando do bem e do mal, será que há uma parte de nos que é má e que nem todos nós controlamos? Será que há desejos que quando insatisfeitos nos levam a descarregar maldosamente sobre os outros? Será que nem sempre temos consciência de estarmos a fazer o mal quando o fazemos? Será que há pessoas com mais capacidade de discernimento e que logo não cometeriam actos que outros cometem? Será que as questões do bem e do mal estão culturalmente enraízadas? E, se estão, como convencer as pessoas de dada cultura de que certos actos que praticam são errados, maus? Seremos capazes, como humanidade, como um todo, de não fazer o mal?
Merzbow
http://merzbow.net/ linque para a página oficial de Masami Akita a.k.a. Merzbow, um dos fundadores do noise.
pessoas
http://www.globefordarfur.org/ e também não podemos esquecer que a situação em Darfur está a piorar. E há quanto tempo dura o massacre, pilhagens, violações neste território? Desde 2003!!! Como é possível? E como é possível que as Nações Unidas não tenham implementado nenhuma resolução quanto a esta catástrofe humanitária? Escandaloso.
baleias
http://whales.greenpeace.org/global mas algo semelhante se passa em relação às baleias. E mais uma vez trata-se de exercer pressão sobre o Governo Japonês. Como podem ler no site, vai haver em 2007 um encontro internacional onde se decidirá acerca do futuro das baleias, encontro em que suponho que se vote acerca da pesca ou da não-pesca das baleias, ou então em que se chegue a conclusões acerca de números, de quantas podem pescar. Penso que podemos exercer pressão, mas que alguma pesca há-de continuar.
golfinhos
Among Dolphins
O fantástico som produzido pelos golfinhos. É bom estar com eles depois de vermos o documentário chocante (http://www.glumbert.com/media/dolphin) sobre o verdadeiro massacre e sobre a verdadeira desgraça que sobre estes fantásticos animais se abate. O que podemos fazer? Por mim, já enviei uma carta ao primeiro-ministro japonês, através do site http://www.earthisland.org/saveTaijiDolphins/takeAction.html. Podemos também tentar agir através do Greenpeace, mas a ideia geral é exercer pressão sobre o Governo Japonês.
O fantástico som produzido pelos golfinhos. É bom estar com eles depois de vermos o documentário chocante (http://www.glumbert.com/media/dolphin) sobre o verdadeiro massacre e sobre a verdadeira desgraça que sobre estes fantásticos animais se abate. O que podemos fazer? Por mim, já enviei uma carta ao primeiro-ministro japonês, através do site http://www.earthisland.org/saveTaijiDolphins/takeAction.html. Podemos também tentar agir através do Greenpeace, mas a ideia geral é exercer pressão sobre o Governo Japonês.
harsh noise e noise soundscape
No noise, como o entendo, tem de haver uma certa brutalidade, há momentos em que não esperamos que saiam sons subtis, mas completamente distorcidos, repletos de noise; porque no noise procura-se o ruído. Por outro lado, há momentos em que estamos a construir paisagens e em que queremos que os sons venham com toda a sua subtileza. No fundo, acho que estou a falar de uma mistura entre harsh noise e noise soundscape.
quarta-feira, novembro 29, 2006
segunda-feira, novembro 27, 2006
domingo, novembro 26, 2006
música experimental
http://en.wikipedia.org/wiki/Experimental_music música experimental na wikipedia.
sábado, novembro 25, 2006
diy
Talvez grave amanhã em vídeo uma sessão de noise dada por mim em minha casa, como prometido. Falta-me apenas a confirmação do camera man, o meu irmão mais novo.
sexta-feira, novembro 24, 2006
experimental
Hoje, publico aqui esta fotografia que nada tem de noise; mas tem de experimental! Lembro-me perfeitamente de irmos no carro à pressa para o Cabo de São Vicente para apanharmos o fantástico pôr do Sol mas, como ele já estava tão fugidio, parámos o carro à beira da estrada e tirámos a fotografia dali. Sem comentários. Clique na imagem para ver melhor.
quinta-feira, novembro 23, 2006
noise performance
Vou tentar gravar em vídeo uma performance minha este fim de semana e uploadá-la para o Youtube e daí para o blogue. Preciso apenas de uma câmara de filmar.
quarta-feira, novembro 22, 2006
terça-feira, novembro 21, 2006
segunda-feira, novembro 20, 2006
clicks & cuts
http://www.myspace.com/csar página onde podem ouvir um tema de um amigo. Produzido com o software Reason.
domingo, novembro 19, 2006
sábado, novembro 18, 2006
live noise
O meu amigo, Paulo, veio cá a casa mas não trouxe a câmara porque estava sem bateria. Ainda assim, fizemos duas sessões relativamente boas de noise. Ele tocou de forma inconvencional na guitarra enquanto eu modulei o som nos pedais. O produto final foi bom. Gravaremos numa próxima vez e provavelmente faremos um vídeo.
NIN - Something I Can Never Have (Live 2006)
Um belo tema dos NIN, uns dos reis do industrial. Também têm algumas incursões por algo que é quase noise, no álbum Fixed. Autores de um dos melhores álbuns industrial de sempre, Pretty Hate machine.
Um belo tema dos NIN, uns dos reis do industrial. Também têm algumas incursões por algo que é quase noise, no álbum Fixed. Autores de um dos melhores álbuns industrial de sempre, Pretty Hate machine.
vídeo e som
Hoje vem cá a casa um amigo que vai juntar vídeo ao som que faço. A ideia, segundo falámos, é filmar com a câmara ligada a várias televisões. Vamos preparar uma performance única e improvisada, isto é, não haverão duas performances iguais. Vamos ver no que dá; quem sabe se um dia apresentaremos a nossa performance ao vivo.
japanoise
É um lugar comum dizer-se que o Japão é uma cultura à parte, muito própria. Haverá alguma razão cultural para que a cena noise se tenha desenvolvido mais no Japão e que os artistas noise mais proeminentes sejam japoneses?
granulado
Collateral - Movie Trailer
Filmado, parcialmente, em vídeo. Com grão. Esteticamente irrepreensível. De Michael Mann.
Filmado, parcialmente, em vídeo. Com grão. Esteticamente irrepreensível. De Michael Mann.
noise remainder
Jarhead - "Something in the way"
A man fires a rifle for many years. And he goes to war. And afterwards he comes home, and he sees that whatever else he may do with his life - build a house, love a woman, change his son's diaper - he will always remain a jarhead. And all the jarheads killing and dying, they will always be me. We are still in the desert.
A man fires a rifle for many years. And he goes to war. And afterwards he comes home, and he sees that whatever else he may do with his life - build a house, love a woman, change his son's diaper - he will always remain a jarhead. And all the jarheads killing and dying, they will always be me. We are still in the desert.
quinta-feira, novembro 16, 2006
um sub-estilo de noise
"(...) há pouco tempo, está ficando mais prevalecente um sub-estilo de noise (talvez melhor definido como uma improvisação electro-acústica) que se concentra no silêncio, em tons puros, na estática e no espaço." de http://pt.wikipedia.org/wiki/Noise
É um pouco isto que tenho estado a fazer, embora de quando em quando, a meio das performances, entre no noise puro e duro.
É um pouco isto que tenho estado a fazer, embora de quando em quando, a meio das performances, entre no noise puro e duro.
quarta-feira, novembro 15, 2006
noise e teologia negativa
Um pouco a brincar, diria que o noise é como que a teologia negativa da música. É o espaço onde se desdenham todas as melodias e harmonias e onde se fica ora com um mínimo pedaço de som primordial ora com uma amálgama de som bruto e indefinido. Mas na verdade não é como a teologia negativa, porque não estamos a retirar coisas, mas a trabalhá-las.
noise e delay
Estou agora a aprender a mexer no pedal de delay conjuntamente com os outros. Até agora estava desmotivado, parecia-me uma má aquisição, mas ainda há pouco consegui uns efeitos muito porreiros, de modo que a desmotivação foi-se. Estou a tentar integrar os pedais todos numa única performance e para tal tenho ainda de trabalhar muito. Não que um dia vá apresentá-la a público, mas por que não? Uma primeira resposta é: não tenho (por enquanto) amplificação para isso. Estou bastante contente com o efeito que consegui há pouco. Parece que um único pedal aumentou bastante as possibilidades de som que saco do noise do amp. A fonte de som é a guitarra. Não toco nela, mas deixo o volume aberto e então sai sempre algo para o amp.
sábado, novembro 11, 2006
sexta-feira, novembro 10, 2006
quinta-feira, novembro 09, 2006
computer generated music
"Música gerada por computadores é música composta por ou com a ajuda extensiva de um computador. (...) a frase "música gerada por computador" é usada geralmente para referir-se a música que não poderia ter sido criada sem o uso de computadores."
de http://en.wikipedia.org/wiki/Computer_generated_music
Tenho apenas uma adenda a fazer ao texto: é que a música não é produzida pelo computador, mas pelo produtor usando um computador. Faço o bold para salientar a ideia de que há música que só poderia ter sido criada usando computadores, isto é, os computadores enriquecem o plano musical.
de http://en.wikipedia.org/wiki/Computer_generated_music
Tenho apenas uma adenda a fazer ao texto: é que a música não é produzida pelo computador, mas pelo produtor usando um computador. Faço o bold para salientar a ideia de que há música que só poderia ter sido criada usando computadores, isto é, os computadores enriquecem o plano musical.
Noise é música?
Mas está sempre no ar a questão: noise é música?
Tenho em crer que sim, pois num tema noise há uma série de elementos sonoros que são predispostos/organizados de tal e tal modo, de forma a constituirem um todo, que é o tema. Parece-me música feita com ruídos, sons inapreciáveis (para usar a terminologia de Manuel da Silva Dionísio). Mas de que modo são inapreciáveis?
Tenho em crer que sim, pois num tema noise há uma série de elementos sonoros que são predispostos/organizados de tal e tal modo, de forma a constituirem um todo, que é o tema. Parece-me música feita com ruídos, sons inapreciáveis (para usar a terminologia de Manuel da Silva Dionísio). Mas de que modo são inapreciáveis?
noise e computer music
O noise pode ser feito usando exclusivamente computadores e samples de sons. Nesse caso é noise, mas é computer music.
terça-feira, novembro 07, 2006
noise e feedback
Um dos problemas nas performances que tenho feito é o feedback indesejado. De vez em quando ainda o consigo controlar e ponho um pouco até de propósito, mas depois ele começa a aparecer em excesso e aí já não consigo controlá-lo; e o objectivo é controlar todo o som que saia daquele maldito amplificador.
noise e convenção
Agora ando a brincar com os pedais de outra forma, de vez em quando tiro-lhes a distorção e fica só um ruído de fundo, uma espécie de latência na qual participa um chorus que lhe dá um certo ritmo. Depois, vou subindo, subindo, aos poucos, com os equalizadores, até que já entraram todas as distorções e é de novo o caos. Depois, brinco com a guitarra, toco com uma caneta, puxo as cordas, nada de convencional. Não se pode dizer que seja puro noise, pois há momentos de bastante acalmia, mas dir-se-ia que é noise e que também é atmosférico; e por falar em atmosférico há uma maneira de manipular os equalizadores em que o som que sai parece o som do vento - é lindo.
segunda-feira, novembro 06, 2006
Circuit Bending
www.en.wikipedia.org/wiki/Circuit_bending Circuit bending na wikipedia.
Imagens do site www.getlofi.com
noise e improviso
Hoje já fiz duas performances de noise guitar. Ainda não domino completamente os pedais, parece que o som me foge das mãos. Ligo o amp, abro o canal de som da guitarra (volume) e nem preciso de lhe tocar, pois os pick ups captam logo algo (para aí uma pequena vibração nas cordas) que sai de seguida do amp e aí manipulo com os pedais. A meio toco na guitarra mas de forma incomum, somente com a mão esquerda, no braço. Tudo em puro improviso.
improvisação livre
http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?p=amg&sql=77:10998 improvisação livre no allmusic.
domingo, novembro 05, 2006
AMM
http://en.wikipedia.org/wiki/AMM_%28group%29 AMM, a banda de Keith Rowe, de quem aqui já postámos um vídeo documental.
noise e improvisação livre
http://en.wikipedia.org/wiki/Free_improvisation Improvisação livre na wikipedia. O noise dá-se à improvisação livre.
sábado, novembro 04, 2006
pc noise
Um som que caracteriza os mais moderníssimos tempos é, sem dúvida, o som dos computadores ligados. É um bom som para ser manipulado. Aproxima-se-lhe um microfone ligado a um amplificador através de pedais de efeitos e manipula-se o som.
noise visual
noise atmosférico
Estou a trabalhar com guitarra eléctrica e pedais (2 distorção, 1 flanger, 1 chorus). Dou um único toque na guitarra e depois passo o tempo a manipular o som através dos pedais. Já dá para fazer algumas coisas, toco aí uns 15/20 minutos e depois farto-me, mas ainda não explorei todas as vertentes de combinações dos pedais, e ainda não experimentei tocar alto, para não incomodar os vizinhos. O meu objectivo não é fazer barulho, como Merzbow, embora pioneiro, às vezes faz, mas criar uma atmosfera, um fluxo, uma viagem através do som.
noise directory
"O directório noise é uma colecção crescente de linques para artistas noise, editoras noise, e recursos relacionados com o estilo musical noise num sentido mais lato.
O termo "noise", para o propósito desta base de informações, implica composições criadas com sons inusuais ou inconvencionais, bem como composições criadas com sons convencionais mas aplicados de modo inusual ou inconvencional.
O directório inclui artistas e editoras que produzem (...) drone, atmospheric soundscapes, texturas abrasivas, (...) manipulação de feedback [bolds nossos] e vários outros estilos contemporâneos ou avant-gard."
de http://noise.alphamanbeast.com/ "about the directory".
O termo "noise", para o propósito desta base de informações, implica composições criadas com sons inusuais ou inconvencionais, bem como composições criadas com sons convencionais mas aplicados de modo inusual ou inconvencional.
O directório inclui artistas e editoras que produzem (...) drone, atmospheric soundscapes, texturas abrasivas, (...) manipulação de feedback [bolds nossos] e vários outros estilos contemporâneos ou avant-gard."
de http://noise.alphamanbeast.com/ "about the directory".
happening/acontecimento
"Na senda dos finais dos anos 50, um acontecimento (happening) era uma performance, evento ou situação concebidos como arte. Os acontecimentos poderiam acontecer num lugar qualquer, eram frequentemente multi-disciplinares, faltava-lhes uma narrativa e não raras vezes envolviam a audiência de algum modo. Os elementos chave dos acontecimentos eram planeados, mas os artistas reservavam algumas vezes espaço para a improvisação."
de http://en.wikipedia.org/wiki/Happening tradução nossa.
Esta descrição assemelha-se bastante ao que pode ser um evento de música noise, pois pode ser completamente improvisado e é, portanto, um aqui e agora irrepetíveis que se manifestam num acontecimento deste tipo. Ao contrário, a maioria da música pop não dá azo a improvisos e, penso, é tudo ensaiado ao mais ínfimo pormenor. Um concerto de noise improvisado livremente não é tanto um concerto mas mais um acontecimento musical, sonoro, sónico. O artista morreu, não lança esgares nem sorrisos, o que há é um espaço tal e tal onde está a acontecer este som. É o happening total.
de http://en.wikipedia.org/wiki/Happening tradução nossa.
Esta descrição assemelha-se bastante ao que pode ser um evento de música noise, pois pode ser completamente improvisado e é, portanto, um aqui e agora irrepetíveis que se manifestam num acontecimento deste tipo. Ao contrário, a maioria da música pop não dá azo a improvisos e, penso, é tudo ensaiado ao mais ínfimo pormenor. Um concerto de noise improvisado livremente não é tanto um concerto mas mais um acontecimento musical, sonoro, sónico. O artista morreu, não lança esgares nem sorrisos, o que há é um espaço tal e tal onde está a acontecer este som. É o happening total.
música absoluta/abstracta
"'Música absoluta', menos frequentemente 'música abstracta', é o termo usado para descrever música que não é explicitamente sobre nada, não-representacional ou não-objectiva. A música absoluta não tem líricas nem referências a histórias ou imagens ou qualquer tipo de ideia extramusical. (...)"
tradução nossa de http://en.wikipedia.org/wiki/Absolute_music
Apesar de ter traduzido este texto, acho-o bastante sinistro, pois o que é ser sobre nada, ser não-representacional, ser não-objectiva? Há música objectiva? Há música representacional, por exemplo diríamos que o "O mar" de Debussy representa o mar ou a nossa ideia de mar?
tradução nossa de http://en.wikipedia.org/wiki/Absolute_music
Apesar de ter traduzido este texto, acho-o bastante sinistro, pois o que é ser sobre nada, ser não-representacional, ser não-objectiva? Há música objectiva? Há música representacional, por exemplo diríamos que o "O mar" de Debussy representa o mar ou a nossa ideia de mar?
música concreta, Schaeffer
O pai da música concreta, o compositor francês Pierre Schaeffer, está entre os artistas mais visionários do pós-guerra. Através da criação de mosaicos musicais abstractos alheios à teoria musical convencional, foi o pioneiro de uma revolução sónica que continua a ressoar ao longo da paisagem musical contemporânea, mais profundamente nos grooves do hip-hop e da electrónica. Nascido em 1910, Schaeffer não era um músico ou compositor treinado mas, ao invés, trabalhava como engenheiro de rádio quando fundou o estúdio electrónico RTF em 1944, para então começar as primeiras experiências naquilo que viria em última instância a ser chamado música concreta. Trabalhando com fragmentos encontrados de som - tanto musicais como ambientais na sua origem - construiu as suas primeiras peças de tape-machine, colagens de ruído manipulado através de mudanças na sua frequência, duração e amplitude; o resultado final constituiu uma interpretação nova e radical da forma musical e da sua percepção.
texto original em http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?P=amg&sql=77:11002 tradução nossa.
texto original em http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?P=amg&sql=77:11002 tradução nossa.
definição de música
http://en.wikipedia.org/wiki/Difference_between_music_and_noise várias definições de música na wikipedia.
sexta-feira, novembro 03, 2006
música concreta e música abstracta
A música é uma entidade concreta, isto é, que se situa no plano do sensível, audível. Mas dentro do reino da música é como se encontrássemos música acessível, paralela ao mundo concreto das figuras, cheiros, sons, e música menos acessível, paralela ao mundo invisível ou das coisas abstractas. Por isso, relativamente à música, seguindo esta tese, podemos dividi-la em concreta e em abstracta. Se isto for demais, diremos apenas que há música que apela directa e quase automaticamente às nossas emoções, e que há outra que não. Mas há muito boa música que apela automaticamente às nossas emoções, por exemplo a Mondschein do Beethoven. Ainda assim, talvez seja mais difícil de ouvir do que um hit pop. Aonde é que eu quero chegar? À ideia de que há música que é melhor do que outra porque não apela tão directamente às nossas emoções ou às nossas emoções mais fáceis. Mas estou completamente enredado porque o que são emoções fáceis? Sabemos o que é um sorriso fácil. O ponto que queria tocar é o de haver boa música e má música, mas estou a ver que o caminho que estou a levar para demonstrá-lo é sinuoso e cheio de incorrecções.
As pessoas às vezes querem um pouco mais. Não se satisfazem com sexo, precisam de carinho (o contrário também é verdade). Quando, musicalmente, queremos um pouco mais, não ligamos a rádio e ouvimos os hits. Procuramos algo que dê mais que pensar ou que exija mais atenção. Se calhar estou errado e procuramos simplesmente algo que nos dê prazer. Mas há prazeres mais requintados que outros. O mesmo na música: quando me referia a música abstracta queria talvez dizer música mais requintada, isto é, não banal. E o noise não é de todo banal, ao contrário da pop, que pode dar gozo aqui ou ali, mas que é banal.
As pessoas às vezes querem um pouco mais. Não se satisfazem com sexo, precisam de carinho (o contrário também é verdade). Quando, musicalmente, queremos um pouco mais, não ligamos a rádio e ouvimos os hits. Procuramos algo que dê mais que pensar ou que exija mais atenção. Se calhar estou errado e procuramos simplesmente algo que nos dê prazer. Mas há prazeres mais requintados que outros. O mesmo na música: quando me referia a música abstracta queria talvez dizer música mais requintada, isto é, não banal. E o noise não é de todo banal, ao contrário da pop, que pode dar gozo aqui ou ali, mas que é banal.
o noise como música abstracta
Alguns artistas abstractos criam formas que não são formas de coisas nenhumas (outros não; ex. Rothko, quadrados, rectângulos...). Penso que era isto que queria dizer com as "formas a-formais". Isto é, a sua arte não é representativa de nada que encontremos aí fora na natureza das formas/figuras. O mesmo para o artista noise em relação à natureza do audível: o seu produto não é encontrado em nenhuma concatenação de acordes, melodia, harmonia, etc., é como se tivéssemos as formas a-formais e, para os artistas noise, os sons a-sonais, isto é, que são sons mas que não se encontram na forma vulgar de nenhum instrumento musical. Curiosamente, quem faz noise trabalha muitas vezes com sons que estão aí ou com sons de objectos que emitem sons mas que não são instrumentos musicais, por exemplo secadores de cabelo, serras eléctricas, bidões, entre inúmeros outros. Se o noise é música, podemos dizer que o artista noise, neste caso músico, transforma objectos que não são instrumentos musicais em objectos que são instrumentos musicais. Se noise não é música, podemos pelo menos afirmar que os artistas noise produzem concatenações de sons utilizando para isso objectos que não são instrumentos musicais ou então objectos que são instrumentos musicais mas usados de forma completamente distinta da forma adequada/comum de uso desses instrumentos.
noise e arte abstracta
Vou tentar estabelecer aqui um paralelo entre o noise e alguma arte abstracta. Em alguma pintura abstracta encontramos formas a-formais, é a minha maneira de exprimi-lo, isto é, quer dizer que o artista cria formas que não encontramos na natureza, assim como o artista noise trabalha com sons que não os sons naturais do seu instrumento. Ambos elevam a arte a um novo patamar, pois acrescentam verdadeira riqueza ao mundo da sensibilidade, verdadeira porque todos os outros artistas também acrescentam riqueza ao mundo da sensibilidade, embora trabalhem com o já dado, o pintor com o modelo, o guitarrista com a afinação normal em mi. Como espectador é bastante gratificante assistir a espectáculos desse género, uma emoção, dou o exemplo do óptimo concerto dos Pearl Jam. Mas é também gratificante explorar novas regiões do audível e o mesmo enquanto espectador. Hoje, a música (se é música), pode ser feita com sons de bidões percutidos, secadores de cabelos captados por microfones e manipulados com pedais de efeitos, som branco de televisão e tudo o mais que possamos imaginar. Parece-me isto ser um grande ganho, pois é todo um conjunto de possibilidades artísticas que se abre e que se abre também ao espectador. Por isso é um verdadeiro enriquecimento do mundo da sensibilidade, ou da noosfera.
Action Painting
"'Parece-me', observou Pollock, 'que o pintor moderno não pode exprimir a sua época, o avião, a bomba atómica, a rádio, nos velhos moldes Renascentistas ou de qualquer outra cultura passada. Cada época encontra a sua técnica própria.'
Foi parte do legado de Pollock ter desenvolvido um estilo que reflectia as preocupações estéticas do seu tempo, retendo, no entanto, um alto nível de individualidade. A sua arte é instantaneamente reconhecível e inimitável. Focando a nossa atenção no próprio acto de pintar, permitiu-nos testemunhar o desafio, o trauma e o eventual triunfo do seu processo criativo."
texto em http://www.nga.gov/feature/pollock/process4.shtm tradução nossa.
quinta-feira, novembro 02, 2006
noise por si só
Mas o noise por si só já é atractivo suficiente, pois é necessária muita concentração para perceber todas as nuances do som que brota dos amplificadores.
pedais, truques; o noise como espaço de fusão de artes
O que estou agora a fazer, basicamente, é dar um único toque na guitarra e depois manipulo o som com os pedais. Faltam-me ainda alguns pedais, queria ter, por exemplo, mais um ou dois de distorção, um sustainer para poder manipular sons sem distorção, e um delay. Um pitch-shifter seria interessante, um pedal de equalização também... enfim, uma série de gadgets sonoros para poder fazer uma performance cada vez mais variada ou pelo menos com mais possibilidades de variação, com mais truques (como diria um malabarista).
Já encontrei um elemento com quem tocar, falta-nos ensaiar para ver o que sai. A minha ideia é puro noise, sons inapreciáveis/ruído, como diria Manuel da Silva Dionísio. O som noise é ao mesmo tempo dos sons mais arty porque se dá a performances de som e vídeo e instalação e slides, etc., som e imagem e até artes plásticas. É um espaço de fusão das mais diversas artes.
Já encontrei um elemento com quem tocar, falta-nos ensaiar para ver o que sai. A minha ideia é puro noise, sons inapreciáveis/ruído, como diria Manuel da Silva Dionísio. O som noise é ao mesmo tempo dos sons mais arty porque se dá a performances de som e vídeo e instalação e slides, etc., som e imagem e até artes plásticas. É um espaço de fusão das mais diversas artes.
quarta-feira, novembro 01, 2006
noise e música
Ao noise interessam os sons a que Manuel da Silva Dionísio chama "inapreciáveis (ruído)", "aqueles que pela sua altura ou irregularidade de vibrações não podem ser classificados musicalmente.". Poder-se-á fazer música usando apenas sons inapreciáveis? Eis uma questão em que meditar.
um pouco de teoria
"Som é o efeito produzido no órgão auditivo pelas vibrações dos corpos sonoros. Desta definição, apreende-se facilmente a natureza do fenómeno sonoro na sua essência real. (...)
- que o som é uma sensação individual (...)
- que no exterior só existem estados vibratórios, portanto, silêncio absoluto. (...) [bold nosso]
Quando o corpo sonoro vibra, o movimento das moléculas transmite-se ao ar que o circunda e propaga-se em ondas que o ouvido recebe, distingue e classifica.
Sons apreciáveis (musicais), são aqueles que pela sua altura e regularidade de vibrações o ouvido pode classificar.
Sons inapreciáveis (ruídos), são aqueles que pela sua altura ou irregularidade de vibrações não podem ser classificados musicalmente. (...)
Altura - grau de gravidade ou elevação que os sons podem ter. A altura depende do número de vibrações por segundo (frequência) e será tanto mais aguda quanto maior for o seu número."
in Manuel da Silva Dionísio, Manual de Música, pp.9-11.
- que o som é uma sensação individual (...)
- que no exterior só existem estados vibratórios, portanto, silêncio absoluto. (...) [bold nosso]
Quando o corpo sonoro vibra, o movimento das moléculas transmite-se ao ar que o circunda e propaga-se em ondas que o ouvido recebe, distingue e classifica.
Sons apreciáveis (musicais), são aqueles que pela sua altura e regularidade de vibrações o ouvido pode classificar.
Sons inapreciáveis (ruídos), são aqueles que pela sua altura ou irregularidade de vibrações não podem ser classificados musicalmente. (...)
Altura - grau de gravidade ou elevação que os sons podem ter. A altura depende do número de vibrações por segundo (frequência) e será tanto mais aguda quanto maior for o seu número."
in Manuel da Silva Dionísio, Manual de Música, pp.9-11.
noise, vídeo, instalação
O noise é ideal, ou pelo menos muito bom, para misturar com vídeo ou com instalação.
noise e harmonia
Um exemplo de bandas que incorporam noise em vários dos seus temas são os Sonic Youth, embora o que eles façam seja abrangentemente considerado música, pois tem ritmo, melodia e harmonia. Pergunto-me se o noise terá harmonia, já que a harmonia é o conjunto de sons considerados simultaneamente e o noise pode ter vários sons em simultâneo. Ainda assim, tenho dificuldade em considerá-los harmónicos. Se calhar são sons não harmónicos (mesmo oriundos de instrumentos que produzem sons harmónicos, como a guitarra), se é que isto existe.
noise e noise-ambient, um exemplo de noise
Numa versão mais abrangente, a noise pode usar não só ruídos como também samples dos mais variados sons ou outros como vinis riscados, etc. Mas referia-me a samples de sons considerados normalmente não-ruidosos, como o som das ondas do mar ou o de pássaros. Mas aí talvez já mais correctamente chamássemos noise-ambient ao que estava a ser feito e não noise. Um exemplo de puro noise é este.
noise é arte
Ainda que digamos que noise não é música, dizemos que é arte, porque é fruto do trabalho de um artista a manipular sons com o objectivo de ouvi-los e de criar um todo coerente (ou incoerente). Aqui surge a pergunta: o que se classifica como arte? Atrevo-me a dar uma resposta primária: qualquer alteração humana do meio com um objectivo puramente estético ou outro mas que advenha do estético (a resposta é insatisfatória, mas é, como digo, uma primeira aproximação. Digo que é insatisfatória porque se dermos esta resposta, um sinal de trânsito - que por si só não é arte - entraria como possível exemplo da nossa definição).
ruído
Noise significa, literalmente, ruído. Ruído, por si só, não é música. Mas há um vasto campo para ser explorado na vertente ruidosa do som. E depois pode perguntar-se: pode criar-se música usando apenas ruído? Teríamos de definir ruído para responder, definir, isto é, saber o que conta como ruído e o que não conta como ruído, por exemplo se o uso de certas vozes humanas conta como ruído ou não.
É noise música?
Há a questão de se consideramos noise como música ou não. Provavelmente, o noise mais extremo não é música (e isso não tem problema nenhum). O som tem duas vertentes, a musical e a não-musical, então pode dizer-se que o artista noise explora a vertente não-musical do som.
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