quinta-feira, agosto 30, 2007

A Via da Verdade

"Vamos, vou dizer-te - e tu escuta e fixa o relato que ouviste -
quais os únicos caminhos de investigação que há para pensar:
um que é, que não é para não ser,
é caminho de confiança (pois acompanha a verdade);
o outro que não é, que tem de não ser;
esse te indico ser caminho em tudo ignoto,
pois não poderás conhecer o não ser; não é possível,
nem mostrá-lo [...]
[...] pois o mesmo é pensar e ser", in Parménides, Da Natureza, Alda editores.


O ser é o que é e que não pode não ser.
O que não pode não ser é o que tem de ser.
O que tem de ser é o que necessariamente é.
O ser é o que necessariamente é.
O não-ser é o que necessariamente não é.

O verbo "ser", a itálico, exprime a relação de identidade. Assim, o ser é idêntico ao que é, o não-ser é idêntico ao que não é. Se o ser é idêntico ao que é, o ser é idêntico a tudo, pois diz-se de todas as coisas que elas são alguma coisa. Contudo, quanto ao não-ser, se é idêntico ao que não é, não é idêntico a nada, pois se fosse idêntico a algo, e esse algo seria qualquer coisa, o não-ser seria idêntico ao ser. Por isso, o não-ser não é idêntico a nada, incluindo a ele próprio, sob pena de ser; por não ser idêntico a nada, não pode ser pensado, pois seria idêntico a algo. Se pode ser pensado, é ser e se é ser, pode ser pensado.

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