quarta-feira, janeiro 31, 2007
Uma questão/ Duas questões
Todos os entes têm experiência? Todos os entes participam na experiência?
O último
O último é a essência da existência.
Essa essência dá-se como experiência da essência.
A essência da existência é a experiência da essência da existência.
A experiência da essência da existência é a essência da existência.
Essa essência dá-se como experiência da essência.
A essência da existência é a experiência da essência da existência.
A experiência da essência da existência é a essência da existência.
O último
Como é o pensamento da totalidade que se recebe na consciência, mas não da totalidade exclusivamente referida ao mundo exterior que no momento está presente perante nós, mas a totalidade de tudo, é necessário que haja aí algo que é posto pelo pensamento, pela pessoa, que vem de dentro, através do pensamento ou da imaginação.
O último
A consciência virada para o pensamento. Focus, focus, Yoda. Pensar, mas o quê? O que pensas quando pensas o último? Focus, focus, Yoda. O último é o limite de todo o pensamento. Mas tem algo de bastante intuitivo, pois não é o pensamento lógico, uma sucessão de inferências, mas o pensamento voltado para algo que se intui, que se recebe na consciência. É o pensamento da totalidade do que se recebe na consciência. Mas não é uma totalidade qualquer, é a totalidade de tudo. É tentar pensar tudo. É tentar pensar tudo como uma unidade que engloba todas as coisas e que é todas as coisas, que todas as coisas são. É tentar pensar a essência de tudo. Esta surge como una e como experiência, como um acontecer. Tudo é um acontecer.
O último
O último é o limite do pensável. E aí pomos também a questão, para destrinçar a afirmação: o que é pensar? O que é o pensamento? É uma experiência? O que é?
O último
A experiência do último é, assim, o pensamento da totalidade, do absoluto, daquilo que engloba todas as coisas e que as constitui, isto é, que as tem e que é também a sua essência.
O último
O último é o "lugar" onde sujeito e objecto se encontram formando aí um só. É o acontecimento em que emissor (o mundo) e receptor (o homem) se encontram formando aí um só. É difícil de explicar, mas o último surge como a experiência em que homem e mundo se tornam um só. Mas o mundo não entendido como o mundo sensível que existe cá fora, mas como esse mundo inteligido, mas não só esse mundo perante nós, mas também o que não está perante nós e que é por nós apenas pensado ou imaginado.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
Realidade e ilusão
No momento em que me pareceu que o que via era ilusão, ocorreram-ne inúmeras questões, a mais preponderante das quais foi: por que existe a ilusão? É de facto notável, desde os mais antigos filósofos, a desconfiança do homem em relação à realidade, ao mundo. Temos sempre em mente que há alguma ilusão, que há um mundo de aparências. Mas por que razão havia de haver um mundo de aparências (não digo que não haja)?
Realidade e ilusão
Uma vez, num bar, tive a plena sensação de que a realidade que estava perante os meus olhos era pura ilusão e que a realidade ela mesma se desvelou no momento em que me apercebi que o que recebia pelos sentidos era ilusão. Aí, a realidade mental impôs-se sobre a realidade física.
Uma questão
Será que existe a realidade e a ilusão ou apenas existe a realidade? Existe alguma ilusão na realidade?
O último
O último é aquilo a que em última instância podemos aceder enquanto seres humanos. É a experiência última para o humano. É a permanência do humano no desconhecido, é a transmutação do conhecido, este sítio, esta hora, isto e aquilo, no desconhecido. É a experiência da ignorância perante as questões últimas que concernem à existência. Mais, é a permanência ela mesma num lugar, é algo existente, desconhecido. A experiência do último é a experiência da permanência na ignorância relativamente a questões como "quem somos?" ou "o que fazemos aqui?" ou "que lugar [o mundo] é este?". Assim, o último é o conhecimento intuitivo último por excelência. É a permanência do humano na interrogação total...
Filosofia
"Filosofar significa investigar: 'Por que há simplesmente o ente e não antes o Nada?'. Investigar realmente essa questão significa: tentar ousadamente esgotar à força de investigações o inesgotável dessa questão, revelando aquilo que ela impõe a investigar. Onde qualquer coisa de semelhante ocorrer, há filosofia."
in Heidegger, Introdução à Metafísica, p. 39.
in Heidegger, Introdução à Metafísica, p. 39.
O último/a realidade
Eu não sei o que é o último, mas acho que ninguém sabe. Acho que quando falamos em último falamos naquilo que a realidade é em última instância.
O último/o desconhecido/o fundo do humano
O último é a experiência do último. A experiência do último é a experiência do desconhecido. A experiência do desconhecido é a experiência do fundo do humano. A experiência do fundo do humano é a experiência do último.
O último
O último permanece-nos semi-velado, como algo que agarramos mentalmente e que logo nos escapa, como que em roda-viva.
domingo, janeiro 28, 2007
Elucidação acerca da expressão "o fundo do humano"
Não digo que não sejamos o que somos, o que já é estudado pelas diversas ciências, incluíndo as humanas. Mas pergunto-me se no nosso fundo seremos algo mais e que nos permanece relativamente desconhecido. A questão é só essa.
sábado, janeiro 27, 2007
Pontos de vista
Há vários pontos de vista a partir dos quais podemos olhar o mundo. Um é o dos humanos, outro o dos morcegos... os mesmos objectos geram reacções diferentes em diferentes tipos de seres... mas o objecto lá fora a gerar a reacção é o mesmo. Não podemos sair da nossa subjectividade e, até, se entrarmos a fundo nela, não sabemos o que encontraremos. Talvez uma objectividade comum a todos os seres humanos.
Conhecer o mundo
Será que o mundo, como o conhecemos, é constituído nas nossas mentes? Isso não impede a que haja um mundo objectivo lá fora... mas como conhecer esse mundo? Através da razão, das ideias... pela sensibilidade conhecemos apenas o mundo tal como ele nos é dado a conhecer, humanos... para que conheçamos o mundo como ele é, só através das ideias, da matemática...
Objectos no mundo
Será que o mundo tem alicerces, objectos que são a sua base, objectos que desconhecemos? Objectos que o constituem... que são o seu esqueleto...
Objectos no mundo
Que tipos de objectos há aí no mundo? Estamos votados, com a nossa sensibilidade, a apenas reconhecer objectos sensíveis. Mas será que há, na verdade, outros tipos de objectos? Será que há coisas, no mundo, acerca das quais não podemos tomar conhecimento? Coisas que andam aí, em nosso redor... De que é feito o mundo? Será que há objectos que estão aí e que desconhecemos?
sexta-feira, janeiro 26, 2007
Sentido da vida
Perguntei a um amigo: qual é, para ti, o sentido da vida? E ele respondeu - a procura da felicidade.
Sentido da vida
Há quem encontre em Deus um sentido para as suas vidas, mas eu não encontro Deus, sou céptico demais para tanto. Eu acredito no Mundo, não em Deus. Uma música que descreveria bem este meu sentimento seria "One more cup of coffee", de Bob Dylan.
Sentido da vida
Sinceramente, não sei qual o sentido da vida. Talvez o que eu tenha escrito antes sobre este assunto faça sentido para vocês, mas a mim, por enquanto, não me satisfaz. E é bom que não me satisfaça, para que continue a pensar, para que continue à procura. Sempre em busca de algo melhor.
Sentido da vida
É muito importante que tenhamos paixões próprias por certas acções, por exemplo estudar ou fazer desporto (são só exemplos...), para que a nossa vida faça sentido por si mesma, independentemente das vidas dos outros. Pois se não temos amor por certas acções, a nossa vida só fará sentido devido ao amor pelos outros, mas o que fazer quando os outros desaparecem? Aí a vida ficaria desprovida de sentido, e não faria mais sentido viver do que morrer. Por isso é importante que tenhamos paixões próprias por certas acções.
Sentido da vida
Então, o sentido da vida é o amor pelas pessoas e pelas coisas, acções, que amamos.
[ensaio de resposta]
[ensaio de resposta]
Sentido da vida
Penso que se estivéssemos apartados das coisas de que gostamos, das acções, das pessoas, de tudo o que gostamos, não faria mais sentido viver do que morrer.
Sentido da vida
O que é perguntarmos pelo sentido da vida? É perguntar pelo significado da vida? É perguntar se a vida faz sentido para nós? Se faz sentido viver em vez de morrer? Como aproximação de resposta, digo que há coisas, acções, que fazem com que a vida tenha sentido para nós. Assim, por exemplo, para mim fazer bodyboard ou tocar guitarra ou estar num sítio de que gosto dão sentido à minha vida. As pessoas de que gosto também dão sentido à minha vida. Não sei se a vida faria sentido sem as coisas de que gostamos, penso que não. Assim, a nossa vida faz sentido por coisas que lhe são exteriores. Isto é só uma aproximação de resposta.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Coisa em si
Se tirarmos todas as propriedades aos objectos, fica nada. Tiramos a cor, a forma, o toque... tudo... fica nada. Mas sabemos, quando nos deparamos com um objecto, que há qualquer coisa a emitir, a constituir, esse objecto. Isso seria a coisa em si.
Coisa em si
Qual o conceito de coisa em si? É o de que os objectos, tal como os tomamos, dependem da nossa sensibilidade e razão, e que só por estas nos aparecem como aparecem. São, no entanto, na realidade, bastante diferentes, mas não podemos apreendê-los pois estamos limitados às nossas condições de apreensão.
Existência necessária
Será que há objectos que têm existência necessária? Inclino-me a dizer: aqueles que não dependem de nenhum e dos quais todos os outros dependem. Por exemplo, imaginando, supondo que..., a radiação inicial do Universo.
Universais
Mas e então que dizer de objectos como a Tristeza, passível de ser encontrada simultaneamente e igual em duas pessoas diferentes e distinta delas? Um universal não é mais do que um particular repetível, com características próprias que o individuam, etc. Um universal é um objecto específico que pode estar presente em mais do que um particular simultaneamente. Mas cada universal é um objecto particular. Penso não estar errado.
Particulares concretos
Eu inclino-me a dizer que só há particulares concretos e que todos os objectos são passíveis de causar algo. Porquê? Porque todos os objectos existem individuados, separados dos outros, distintos deles. Concretos porque são físicos, existem aí no mundo. Passíveis de causar algo porque passíveis de interagir com qualquer outro.
Interacção, Causação
Será que existem objectos que não interagem com outros ou todos os objectos são passíveis de interagir com outros? Isto é, serão todos os objectos passíveis de causar algo?
Objectos abstractos, Particulares concretos
Será que existem objectos abstractos ou serão estes apenas mais uma criação humana? Será que a única coisa que existe são particulares concretos?
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Desanuviar
Hoje fui dar uma volta de carro, à noite, para desanuviar. Com muito cuidado - depois do acidente que tive...
Textos filosóficos
Algo que me custa bastante ao ler textos filosóficos, mesmo textos filosóficos publicados em blogues, para que os entenda, é que são normalmente muito extensos e apresentam muitos argumentos ou então andam muito tempo à volta do mesmo argumento. Para além disso, tenho problemas com a terminologia, pois os textos usam palavras que exprimem conceitos complexos os quais não domino. Tenho a sensação de que os textos, por serem tão longos e muito pormenorizados, debatendo pequenas questões técnicas, acabam por tornar-se maçadores, desinteressantes. Seria interessante que alguém tratasse de problemas complexos do modo o menos técnico possível. E que não se alongassem tanto - não vão descobrir a roda!
Agradecimentos
Tenho de agradecer a Bhixma (o meu único comentador até agora) os seus comentários, pois têm-me ajudado a pensar várias questões (por exemplo "o que é um problema filosófico?", "o que é a consciência?") e com isso têm ajudado este blogue a ir para a frente. Obrigado.
Recapitulação
O que é o tempo? É a passagem constante de todas as coisas.
O que é o mundo? É o conjunto de tudo o que existe.
O que é a consciência? É a abertura através da qual tomamos contacto com o mundo.
O que é a experiência? É a recepção, na consciência, dos dados do mundo.
[ensaios de resposta]
O que é o mundo? É o conjunto de tudo o que existe.
O que é a consciência? É a abertura através da qual tomamos contacto com o mundo.
O que é a experiência? É a recepção, na consciência, dos dados do mundo.
[ensaios de resposta]
Continuação do post anterior
Não estou a pôr a a questão como se pudéssemos responder: não podemos saber como é ser um morcego. Nós sabemos que há algo que é como ser um morcego. Estou a falar de coisas que existam e das quais nós não podemos, porque não conseguimos, saber que existem.
Uma questão (reformulação da do post anterior)
Haverão coisas que existem e acerca das quais não podemos saber que existem?
Uma questão
Haverão coisas que existem e que não podem ser conhecidas?
Se sim, não podemos saber que existem - nunca as poderemos mencionar, falar delas, pois não sabemos que existem.
Se sim, não podemos saber que existem - nunca as poderemos mencionar, falar delas, pois não sabemos que existem.
Mundo
O que é o mundo?
Resposta 1 - É o conjunto de tudo o que pode ser experimentado/conhecido.
Resposta 2 - É o conjunto de tudo o que existe.
[ensaios de resposta]
A resposta 2 está lá para quem pense que há coisas que existem mas que não podem ser conhecidas.
Resposta 1 - É o conjunto de tudo o que pode ser experimentado/conhecido.
Resposta 2 - É o conjunto de tudo o que existe.
[ensaios de resposta]
A resposta 2 está lá para quem pense que há coisas que existem mas que não podem ser conhecidas.
Mundo, Consciência, Experiência
O mundo é o conjunto de tudo o que pode ser conhecido. Tudo o que pode ser conhecido, com o qual podemos tomar contacto - através da consciência -, é parte do mundo e é conhecido enquanto experimentado.
Mundo
O que é o mundo? É o conjunto de tudo o que pode ser conhecido. Tudo o que pode ser conhecido, com o qual podemos tomar contacto - através da consciência -, é parte do mundo. [ensaio de resposta]
Mundo
O que é o mundo?
Resposta 1 - É tudo o que é exterior à consciência.
Resposta 2 - É tudo o que pode ser conhecido.
[ensaios de resposta]
Resposta 1 - É tudo o que é exterior à consciência.
Resposta 2 - É tudo o que pode ser conhecido.
[ensaios de resposta]
Experiência
O que é a experiência? É a recepção, na consciência, dos dados do mundo. [ensaio de resposta]
Consciência
O que é a consciência? É a abertura através da qual cada um toma contacto com o mundo. [ensaio de resposta]
Consciência
O que é a consciência? É a abertura através da qual cada um olha/perspectiva o mundo. [ensaio de resposta; esta parece-me bem mais difícil do que a do tempo]
Existir por partes
O que é uma parte e o que é um todo? Uma parte é uma parte, como um gomo de uma laranja; um todo é um todo, como a laranja completa (o conjunto dos gomos). Será que nós existimos por partes, por exemplo bebé depois criança, depois adulto, como se cada uma dessas partes fosse um gomo de um ser completo?
Problema filosófico
Parece-me que um problema filosófico é, antes de mais, uma questão. Uma questão acerca da natureza última do mundo, da existência, ou da experiência, e para a qual há mais do que uma resposta possível, embora não se possa provar nenhuma dessas respostas. Pode apenas argumentar-se a favor ou contra determinada posição, mas nunca se pode ter a certeza de que a nossa posição é a correcta. É um problema que diz respeito à realidade.
domingo, janeiro 21, 2007
Existir no tempo
Será que cada ser existe completamente em cada momento do tempo? O problema é que parece que sim e parece que não. Parece que sim, pois parece-nos que somos um ser a cada momento completo e não apenas uma parte de outro ser. Parece que não, pois a vida demora um longo período de tempo e, por exemplo, em adultos não somos os mesmos do que em crianças e parece que cada uma dessas idades é uma parte de nós.
Ontem
Ontem fartei-me de escrever. Espero não ter escrito apenas parvoíces, mas falado sobre temas sérios. Abordei essencialmente a consciência e falei nela enquanto ser numénico. Depois, falei da experiência.
Questões
Com o comentário de Bhixma já fiquei bastante mais elucidado acerca do que é um problema filosófico. Mas mantenho em mente as questões: o que é a filosofia?, e o que é um problema filosófico?, pois são questões fundamentais cujas respostas tenho de assimilar. Tenho mesmo de perceber o que é a filosofia. Há tempos uma pessoa inculta perguntou-me e eu não soube responder, e esse foi um dos momentos em que mais tarde me apercebi que tenho de entrar mais a fundo nestas questões. São fundamentais.
Representação
Quando estamos perante um objecto sensível, podemos optar por representá-lo na nossa mente, por exemplo uma televisão e a representação mental da mesma televisão, ou podemos optar por sentir o efeito que o objecto provoca naturalmente em nós. Não sei se a segunda hipótese está correcta, mas diria que num caso há simples representação e que no outro há qualia. Talvez uma televisão não seja o melhor exemplo, mas é o que tenho ao lado, uma televisão desligada.
Por aqui
Por mim, fico-me por aqui: "O último, que nós podemos alcançar, é a experiência. Gostava tanto de conseguir devidamente analisá-la...".
Experiência
Parece-me que para tomarmos como noeta temos de tomar algo que acontece independentemente de nós, então temos de tomar a experiência pura, que apenas humanamente recebemos, é difícil de explicar.
Experiência
Não sei que termos usar para descrever a experiência. Sinceramente, acho que ainda não os encontrámos, ou estariam nalgum livro e haveria já uma teoria sobre isto. Mas não há. A questão é que não há. Não há teorias sobre a experiência quálica do humano no mundo. Sobre o que é em ultimidade a experiência, o receber algo que é um mesmo que constantemente muda, como o rio e a água sempre diferentes.
[pelos vistos há teorias e até muito antigas. Mas parece-me um ramo que não se desenvolveu]
[pelos vistos há teorias e até muito antigas. Mas parece-me um ramo que não se desenvolveu]
Ignorância
Falo sem saber, apenas com base em intuições que tive e alguns estudos. Falo acima de tudo com base na minha experiência do mundo. É o que mais me interessa: a experiência do homem no mundo. Isto não é antropologia, nem psicologia, nem sociologia, mas filosofia avant-gard, perdoem-me a expressão, mas nunca vi nenhum filósofo a falar disto. Não é que dê ares de filósofo, mas gostava de saber mais sobre a filosofia. Chamo-lhe avant-gard sem presunções, e talvez até com ignorância, porque nunca vi nenhum filósofo aflorar especificamente este tema da experiência; alguns tocam ao lado, é certo, mas nunca vi nenhum entrar dentro da sua própria experiência, receptividade, e descrevê-la. Mais uma vez, talvez fale com ignorância.
Movimento do mundo
Toda a experiência é experiência na consciência. A experiência quálica é a experiência última que podemos ter na consciência, que é a experiência não sei bem de quê. Sei que é o último a que podemos, no presente, aceder. E pode referir-se ao passado ou ao futuro, não interessa, ocorre no presente. É a experiência de um mesmo algo que segundo a segundo se nos mostra sempre diferente, a decorrer. A última grande experiência é a experiência do movimento na consciência. Isto tem a ver com tempo, mas apenas porque passa. Mas não pensem que me refiro à experiência do tempo a passar, mas à das coisas a passarem e a mudarem e ao movimento do mundo.
O mundo num todo
Às vezes parece-me que temos a capacidade de embrulhar o mundo num todo e reinterpretá-lo segundo as nossas regras, como quando temos uma sensação quálica do mundo.
Experiência, recepção quálica
Mais, independentemente dos objectos que nos apareçam há sempre uma experiência a decorrer em nós, que é recepção quálica do mundo no geral. Recepção quálica parece um termo muito pomposo, para referir-se apenas à recepção do mundo em geral na abertura, por exemplo umas vezes estamos aqui, outras estamos ali, mas a não ser que algo de especial esteja a acontecer em algum lado, não interessa bem onde estamos, pois o efeito que o mundo, as coisas, provoca em nós é o mesmo.
Experiência
É óbvio que experiência sensível e inteligível são experiência. Mas, mais aprofundadamente, experiência é experiência quálica, que é experiência dos efeitos que os objectos efectuam em nós.
Experiência quálica
A experiência propriamente dita, a meu ver, não é a experiência sensível, nem a inteligível, mas o que estas provocam. É a experiência quálica do fluxo. Não se vê, não se cheira, não se toca, não se saboreia, mas sente-se (mentalmente). É o que as coisas provocam em nós e que é, na aparência, no aparecer, diferente delas.
O último/a experiência
O último, que nós podemos alcançar, é a experiência. Gostava tanto de conseguir devidamente analisá-la...
Acima da consciência
Se calhar há algo acima da consciência, como um entendimento, uma inteligência.
Consciência e númeno
"A consciência vê, mas a sua estrutura não pode ser vista, nem quando a nossa consciência se nos auto-reflecte." Frase de uns posts atrás. É que o que se nos auto-reflecte é a consciência e não a sua estrutura/ser/condições de possibilidade. Se bem me lembro dos noeta e noema, a consciência reflecte-se-nos já, a meu ver, enquanto noema e não enquanto noeta, pois a consciência auto-reflectir-se-nos é dizermos que temos consciência da consciência, isto é, tomamo-la como objecto da consciência; por isso, não temos consciência dela enquanto subjectum, mas apenas enquanto objecto. A ideia é essa.
Consciência e númeno
As causas da consciência, aquilo que a está constantemente a causar, são as suas condições de possibilidade, aquilo que a possibilita. Mas supondo que a consciência, ou a abertura, é imaterial, supomos também, não necessariamente, causas imateriais. A menos que pensemos que o material causa o imaterial (o que podemos pensar). O que eu estou a tentar dizer é que há algo, talvez um mundo de experiência, para lá da consciência, e que a causa. Pode até ser uma conjuntura de fenómenos físicos e não físicos, pode ser tanta coisa. Só estou a dizer que ela é um último, pois acredito que esse mundo para lá dela só possivelmente, remotamente, poderá ser experimentado; quer dizer, está fora do âmbito/escopo/campo da consciência.
sábado, janeiro 20, 2007
Consciência e númeno
É como se estivéssemos num teatro de sombras em que víssemos os efeitos (as sombras), sem que víssemos as causas (as mãos das pessoas).
O mesmo para a consciência. Vemos o efeito (a abertura) e não vemos as causas (da consciência/abertura).
O mesmo para a consciência. Vemos o efeito (a abertura) e não vemos as causas (da consciência/abertura).
Consciência e númeno
É que quando olhamos para a consciência, olhamos usando a consciência. Nunca nos podemos posicionar antes da consciência e ver como esta funciona. Ou talvez possamos. Talvez através da auto-reflexão da consciência dê para ver como esta funciona. Mas aquilo que ela é, o seu ser, permanece-nos velado, pois não podemos ver quais as condições de possibilidade da abertura, da consciência. Quer dizer, não podemos ir para lá da consciência, apenas nos deparamos com esta como um facto primitivo (ou quase primitivo já que lhe são atribuídas características, e.g. a unidade, a intencionalidade, etc.).
Consciência e númeno
Digo que o ser da consciência é numénico, o que parece falso, porque sabemos o que ela faz. Mas como o faz, não sabemos. Não sabemos como é possível, as condições que possibilitam, essa abertura. Para isso teríamos de ter entendimento acima do nosso, não que tivéssemos de ser mais espertos, mas teríamos de ter algo com que estar conscientes que não a consciência, para que então olhássemos para esta.
Consciência e númeno
Todos nós temos experiência do mundo. Essa experiência deve-se a haver um mundo que se dá a experimentar e, do outro lado, uma consciência, uma abertura para o mundo. Palavras bonitas. A consciência vê, mas a sua estrutura não pode ser vista, nem quando a nossa consciência se nos auto-reflecte. A sua estrutura, ou o seu ser, é numénica.
Problema filosófico
Um assunto filosófico é um assunto aberto a disputa e que nunca se pode provar. Estarei certo? Pode argumentar-se a favor ou contra, mas nunca se pode provar. Gostaria mesmo de saber o que é um problema filosófico e se algum leitor caridoso quiser pode deixar algo na caixa de comentários. A pergunta é, repito: o que é um problema filosófico?
Tipos de objectos
Que tipos de objectos há? Há apenas objectos físicos, materiais, ou há também imateriais? Inclino-me a dizer que só há materiais. Haverá algo de imaterial neste mundo?
Tópico filosófico
Problemas filosóficos são questões filosóficas. Um problema filosófico é uma questão acerca de um tópico filosófico. Mas o que é um tópico filosófico?
Problema filosófico
O que faz, por exemplo, do problema dos universais e particulares um problema filosófico? O problema é o seguinte: existem apenas objectos particulares, irrepetíveis, existem também objectos universais, repetíveis, ou existem apenas universais?
Problema filosófico
Um conceito é uma definição. É? Se sim, um problema filosófico, sendo um problema conceptual, é um problema que lida com definições. Ao filósofo, a quem interessa conhecer, interessam-lhe as definições das coisas. Mas aqui voltamos ao problema: de que coisas? O filósofo ocupa-se de todos os tipos de conceitos ou só de alguns? Parece-me que só de alguns, mas de quais? Daqueles que dizem respeito a entidades imateriais? Estão aqui vários problemas todos misturados: o que é a filosofia? De que se ocupa a filosofia? O que é um conceito? Há vários tipos de conceitos? O filósofo ocupa-se de conceitos? Ocupa-se como? É um conceito uma definição? O que é um problema filosófico?
Problema filosófico
A filosofia lida com conceitos. Mas o que é um conceito? Um problema filosófico, se a filosofia lida com conceitos, é um problema conceptual. Mas o que é um problema conceptual? Mantém-se a questão inicial: o que é um problema filosófico?
Problema filosófico
É um problema que diz respeito a entidades imateriais? Ou a filosofia ocupa-se de entidades materiais? De que se ocupa a filosofia? Da existência? Um problema filosófico é um problema que diz respeito à existência? Um problema filosófico é um problema que só a filosofia pode resolver. Mas o que é um problema filosófico? Estou mesmo com esta na cabeça e mantém-se a questão inicial: o que é um problema filosófico? Pede-se uma definição de "problema filosófico".
Problema filosófico
Um exemplo daquilo que é um problema filosófico é o problema mente-corpo: por exemplo, como se ligam, mente e corpo? Mas nós queremos saber o que é um problema filosófico no geral, uma definição que se aplique a todos os problemas filosóficos. Um problema filosófico só é solucionado pelo pensamento, mas isso também um problema de matemática. Um problema filosófico diz respeito a temas tratados na filosofia, mas de que temas trata a filosofia? Qual é o tema ou temas centrais da filosofia? O que procura a filosofia resolver? Problemas que dizem respeito a quê? Que problemas?
Problema filosófico
O discurso filosófico é marcado por duas coisas: (1) é argumentativo e (2) visa a solução de problemas filosóficos (e (3) visa a verdade, mas isso é comum por exemplo ao discurso corrente ou ao dos media). Mas o que é um problema filosófico?
Continuação do post anterior
Está a supor-se, no post anterior, que a liberdade se adquire ao adquirir-se mais conhecimento sobre o mundo... mas o que é a liberdade? Não são todos os homens igualmente livres? Esta doutrina supõe que não, que quem tem menos conhecimento sobre o mundo é menos livre. Mas porquê associar a liberdade ao conhecimento que se tem sobre o mundo? Porque se supõe que para se ter uma vasta perspectiva do mundo é necessário conhecê-lo e supôs-se que ter liberdade é ter a mais vasta perspectiva possível do mundo. O que é, então, uma vasta perspectiva do mundo? É olhar o mundo a partir de um ponto de vista aberto, com poucas certezas, com as hipóteses em aberto ou, por outro lado, pode ser ter um grande conhecimento das coisas do mundo, ou mesmo ambas. Podemos então supor que ter uma vasta perspectiva do mundo é, simultaneamente, conhecer muitas coisas do mundo e ter as suas hipóteses sobre o mundo em aberto, e que nisto consiste a liberdade. Por isso, a liberdade não tem nada a ver com ter muitas ou poucas coisas - podem ler-se muitos livros e tomar contacto com muitas coisas sem as ter - e há pessoas mais livres do que outras.
Continuação do post anterior
No post anterior, o conceito de liberdade está associado a uma vasta perspectiva do mundo. No primeiro caso, esta está associada ao não conhecer coisas mundanas, por exemplo arte, no segundo caso está associada ao conhecer as coisas mundanas. No primeiro caso está associada à reflexão do homem sobre o mundo, no segundo caso ao conhecimento que o homem tem do mundo. Supõe-se, para o primeiro caso, que a reflexão do homem sobre o mundo traz conhecimento, embora um conhecimento diferente daquele que tem o homem que conhece muitas coisas mundanas. Em qualquer dos casos a liberdade está associada ao conhecimento que o homem tem do mundo, e está implicitamente a supor-se que o homem que conhece o mundo através do conhecimento das coisas mundanas está de certo modo a ter uma perspectiva viciada do mundo, pois está agarrado a essas coisas, elas toldam-lhe o pensamento. Mas há claramente a possibilidade de alguém ter muitas coisas e não estar agarrado a elas e estas trazerem-lhe vastos conhecimentos sobre o mundo, por exemplo se forem muitos livros. Em qualquer dos casos, a liberdade está associada ao conhecimento que se tem sobre o mundo, e supõe-se que para um maior conhecimento, maior liberdade. Resta saber qual das duas doutrinas acerca da aquisição da liberdade está correcta.
Filosofia
(a) Quanto mais coisas temos, menos liberdade temos. Agora, fazer filosofia seria argumentar a favor ou contra esta hipótese. Vou tentar. (1) Quanto mais coisas temos mais agarrados a uma perspectiva do mundo estamos e menos abertos estamos a mais vastas perspectivas e por isso temos menos liberdade. (2) Por outro lado, quanto mais coisas temos mais coisas conhecemos e por isso mais vasta é a nossa perspectiva do mundo e logo mais liberdade temos. Já foram dadas as duas posições. Agora, discutir-se-ia o conceito de liberdade, para que depois se chegasse a uma conclusão a favor ou contra (a).
Vida (variações)
A vida é um muito breve momento no qual há tempo para que coisas inúmeras, especialmente pessoas, nos marquem como nossas memórias.
Vida (variações em torno da frase do post anterior)
A vida é um muito breve momento no qual há tempo para que coisas inúmeras nos marquem como nossas memórias.
Vida
A vida é um muito breve momento no qual há tempo para que coisas inúmeras se marquem nas nossas memórias.
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Filosofia
A pergunta é pela especificidade da filosofia; o que a distingue de outras áreas do pensamento? O que a distingue da economia, da psicologia, da sociologia, da antropologia, etc., sendo que ela também pode abordar estas e outras áreas? O que é característico do discurso do filósofo? Quando pode dizer-se que alguém está a filosofar?
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Filosofia
Gostava de saber o que é a filosofia. Vários homens são chamados filósofos, e o que é que eles fazem? Filosofam. Mas o que é filosofar? Falam sobre a realidade ou vários aspectos da realidade, sobre como a realidade é, mas o que sabem? Têm outros conhecimentos. Antes de se filosofar tem de se ter uma formação mais básica, conhecer o mínimo de realidade. Mas o que é o filosofar propriamente dito? Em que consiste o filosofar? Em falar sobre quê? Diz-se que uma pessoa está a filosofar quando está a falar sobre quê? O que é que há, no discurso dela, que faça com que esteja a filosofar? Pode estar a falar sobre ciência, religião ou arte, mas nisto consiste o filosofar? Ou a filosofia aborda assuntos diferentes dos da ciência, religião ou arte? Aborda a ética, a política... os filósofos sabem um pouco de tudo, poder-se-ia dizer. Mas tem de haver algo próprio do filósofo, que faça deste filósofo quando está a falar de política, em vez de político. O filósofo fala da política em vez de fazer política. O filósofo fala dos assuntos em vez de fazê-los, como o cientista faz ciência, o homem religioso, religião, etc. Mas o filósofo aborda a realidade, a maneira como a realidade é. O filósofo preocupa-se com a realidade. E há assuntos que pertencem estritamente à filosofia, como o estudo da realidade última ou daquilo que há, ou de um tipo específico de coisa que há, por exemplo mentes, ou cores, etc., ou seja, com um aspecto parcial da realidade, ou com a referência à realidade; o filósofo tenta sempre ver as coisas pelo ponto de vista da realidade, mas nas suas investigações é importante para ele que saiba o que é a realidade. Mas não sabe. A filosofia é a tentativa de saber o que a realidade é. Mas pode ter ideias pré-concebidas, como: é impossível saber com certeza o que a realidade é. Ou outras: é preciso estudar muito para saber o que a realidade é. Será que a filosofia exige estudo? Que tipo de estudo exige a filosofia? Um estudo dos filósofos? Um discurso igual ao dos filósofos? Existe uma maneira específica de os filósofos se exprimirem, diferente da dos não-filósofos? A filosofia tem uma discurso próprio? Existe algum discurso que consista em conteúdos estritamente filosóficos? Qual é o discurso próprio da filosofia? A filosofia, estritamente, trata de quê? O que é um discurso filosófico? Existem discursos filosóficos importantes? Existem os que marcam a filosofia. Esses, definem-na, ou podem ser usados como exemplo de filosofia. Mas a filosofia é mais um acto, o acto de filosofar. Alguém filosofa quando está num certo estado mental. Porque filosofar é pensar. O pensar é um assunto quase estritamente filosófico, e a lógica, penso, ocupa-se do pensamento, das regras do pensar. Os filósofos falam da lógica, enquanto que os lógicos fazem lógica. O que é fazer lógica? Será procurar as leis do pensamento? Será que podemos encontrá-las? Será que aquilo que se encontra são as leis do pensamento, será que há leis no pensamento?, ou algo que se toma como logicamente correcto ou incorrecto, isto é: será que o pensamento é algo diferente daquilo que captamos na lógica, ou será que a lógica exprime o que é o pensamento? Pelo menos um parte do pensamento... parece-me que os filósofos sempre se preocuparam muito com a lógica, e que grande parte das suas obras é constituída por argumentos. O filósofo preocupa-se acima de tudo com a argumentação, quando discursa. Por isso os discursos filosóficos são marcados com muita argumentação. E com muitas interrogações também. A interrogação é essencial para o filósofo, pois este coloca questões sobre vários assuntos. O problema é: que tipo de questões e sobre que assuntos? Será que há vários tipos de questões? O que é? Como é? Por que é? O filósofo coloca questões fundamentais sobre as coisas, sejam elas quais forem. O que é essa coisa? Como é ela, como é que ela é quando nos aparece, que efeito produz em nós? Por que é ela assim? O filósofo procura compreender o mundo. Mas o que quer dizer "compreender o mundo"? É saber o maior número de coisas possível? Ou saber sobre uma parte delas? Como conhecer o maior número de coisas possível senão tomando contacto com elas? O filósofo toma contacto com as coisas maioritariamente como? Através de livros? Mas com que coisas? Há coisas com as quais não pode tomar contacto por meio de livros, como música, a sua própria memória ou imaginação em acção. O filósofo fala a partir da sua própria experiência de vida. Cada pessoa tem um saber acumulado pela sua experiência de vida. Isso motiva os interesses das pessoas, o filósofo tem de ter interesse por alguma coisa. Mas tem de ter interesse primeiro é em filosofar. De qualquer coisa que se tome interessa-lhe filosofar sobre essa coisa, mas o que é o filosofar? O que é filosofar?
Realidade
Procuramos saber o que é a realidade tal como ela nos aparece, o que é diferente, penso, de tentarmos saber como é a realidade. Não podemos sair do modo como somos, portanto tentamos saber mais acerca do modo como a realidade nos aparece a nós, o que é ela para nós, e não tanto o que é a realidade em termos absolutos.
Causa
A causa que procuramos é o ímpeto criador da realidade. Dizemos que a realidade cria indiscernidamente, que simplesmente cria. Mas tudo isto pode estar errado, porque, como vemos, cada coisa tem a sua causa. Mas há certamente uma única causa para tudo, de modo que se formos subindo os degraus da dependência das coisas, por exemplo o homem dependente da atmosfera, a atmosfera dependente de outras coisas, ou o homem do átomo, etc., chegamos à causa primeira, que é aquilo que não depende de nada mas do qual, se depois formos em sentido descendente, tudo o resto depende.
Causa
Parece que objectos físicos são sempre causados. Por isso é que tenho as minhas dúvidas em que a ciência desvele tudo o que há a desvelar, pelo menos a ciência física. Mas se houverem objectos físicos incausados então está tudo bem.
Causa
É algo que apenas se pode pensar. Ou então não, um dia os cientistas vêm dizer que encontraram a causa de tudo. Um objecto incausado.
Causa
Mas parece, até agora, que tudo o que encontramos é efeito de algo. Procura-se algo incausado. Algo que exista por si, independentemente de tudo o resto. Parece que isso é algo que nunca se vai encontrar.
Realidade
Não podemos sair da realidade. O que quer que encontremos será sempre realidade. Não passamos para o outro lado do espelho.
Incondicionado
O incondicionado é também o necessário. É aquilo que é necessário que exista não só para que tudo o resto exista, mas também porque existe em ultimidade, incondicionadamente, não depende de nada e tudo depende dela. Existe necessariamente onde quer que haja realidade. A realidade é a criação dessa coisa, dessa fonte.
Realidade
Haverá algo não criado e que cria a realidade? Mas que lhe chamar senão Real? Ou até realidade primeira ou realidade última? Pois é algo real que possibilita a existência da realidade, agora o quê...
Realidade, Criação
É possível que o mundo, o Universo, seja uma criação sem criador. Mas isto parece impossível, porque se há criação, há algo a criar o que é criado. Há algo a criar a realidade, e esse algo é o Último, o incondicionado.
Escrevo estes textos para clarificar ideias.
Escrevo estes textos para clarificar ideias.
terça-feira, janeiro 16, 2007
Realidade
Uma coisa é certa: só há objectos reais. Tudo o que há é a realidade. Mas o que é a realidade? O que lhe dá a especificidade para que lhe chamemos "realidade" e não outra coisa, por exemplo, "ficção"?
Tipos de objectos
Por exemplo, mentes, existem mentes? Tudo aparenta para que sim, mas como existe cada objecto particular a que chamamos "mente"? São mentes objectos não-físicos? E objectos abstractos, existem? Parece-me que estamos aqui a chamar à mente um objecto abstracto, pois estamos a dizer que não é físico, e objectos abstractos são objectos não-físicos que existem independentemente de os pensarmos. Mas será que existe aí esse tipo de objectos? Se sim, quais? Números? Existem objectos não-físicos independentes da mente? Ou, por outro lado, é a mente que cria os objectos não-físicos (a existirem)?
domingo, janeiro 14, 2007
Universais
O mesmo para as relações. As relações são aplicações mentais que nós fazemos a objectos no mundo. Aqui talvez esteja errado, pois há as relações ser pai de, ser filho de, ser irmão de, mas referia-me às relações do género de estar entre, ser maior do que, ser mais pequeno do que, etc., essas são aplicações mentais que fazemos a objectos no mundo. E mais uma vez devo estar errado. Porque elas existem e repetem-se.
Universais
Se não existissem coisas brancas, não existiria a brancura. Esta é uma abstracção que fazemos a partir da semelhança de várias coisas brancas. Ela existe nestas, ela é a própria brancura, o próprio branco das coisas brancas, e não algo diferente que se lhes aplique. Quer dizer, o que existe são coisas brancas e a brancura é algo que nós abstraímos a partir das várias coisas brancas, é algo dependente dos nossos processos mentais, pois o que existe são coisas brancas e não a brancura em si.
Universais
E depois parte-se daí para se dizer que os universais não são objectos físicos, pois nenhum objecto físico pode estar completa e simultaneamente em dois espaços diferentes. Mas aí é que já ponho as minhas dúvidas. Pois os conceitos nós abstraímo-los dos diferentes particulares, e o que existe são particulares semelhantes, por exemplo leões. Não existe, fora dos leões, o universal leão. Cada leão é que exemplifica o que é ser leão, mas o ser leão não existe fora da sua exemplificação.
Universais
O texto anterior está um pouco confuso, provavelmente resultado de eu tentar avançar mais do que aquilo que sei. O que é um universal? Um universal é um objecto que pode estar simultanea e completamente em vários espaços diferentes. Tome-se o mesmo branco de duas folhas diferentes, e diga-se que está nelas presente o universal brancura, e diga-se que está presente em cada uma delas, completamente, o universal brancura.
Há dias falou-se, na caixa de comentários, de conceitos científicos. Será que os conceitos científicos denotam universais?
Há dias falou-se, na caixa de comentários, de conceitos científicos. Será que os conceitos científicos denotam universais?
sábado, janeiro 13, 2007
Universais
Será que há universais? Quando pergunto isto penso em se a mesma coisa se nos pode apresentar ao mesmo tempo mas que seja mais que uma, exactamente a mesma coisa apresentar-se-nos duas vezes ao mesmo tempo. Porque isso é o que caracteriza o universal: pode apresentar-se duas vezes ao mesmo tempo, separadamente, como se fosse dois, dois iguais. Ou mais. E isso não me parece que haja. Tome-se duas coisas quaisquer que sejam são diferentes entre si, porque são sempre outras. Ou talvez não. Talvez a mesma coisa esteja presente em muitas coisas, por exemplo a humanidade no humano. Talvez hajam universais e particulares, coisas expecíficas de cada coisa e coisas iguais entre tantas outras. Mas o que caracteriza cada espécie é seu modo de ser e o que especifica ainda mais é o modo particular de cada ser, e quanto mais particular mais especifica. Mas também pode ser que o particular seja dominado pelo universal, e por exemplo o modo de cada ser humano, do humano, e não o humano o modo do modo de cada ser. Mas aí já estamos a pensar pelo menos um universal, e mais podem haver que não dependem de nós, apenas existem, queremos pensar universais que existam, para saber quais há. E quais os mais importantes para nós enquanto seres humanos. Os que tenham mais influência na nossa perspectiva do existir, na nossa consciência deste mundo, na consciência que temos deste mundo, no que ele é para nós, no próprio significado da palavra humanidade, para nos conhecermos melhor. A mesma coisa, a humanidade, existe em vários seres diferentes, e outras mesmas coisas existem em vários seres diferentes. Somos conjuntos de mesmas coisas. Um bocadinho aqui, um bocadinho acolá, um pouco mais, um pouco menos, as mesmas coisas diferentemente misturadas. E depois os todos, que são sempre diferente que as partes. Ou há duas coisas iguais? É o ser essa coisa que diferencia cada coisa de cada outra, é ser essa e não outra, o que em última instância a diferencia. É ser essa coisa particular. Mesmo que os universais sejam repetíveis, são sempre um particular repetível. Um particular é uma coisa específica. E só há coisas específicas. Porque cada coisa se distingue de cada outra. O universal existe só no particular. Ou os particulares podem ser feitos de universais diferentemente repetidos, por exemplo um homem com mais semelhanças com outro homem do que com uma serpente e esta com outra e mais do que com um homem. Mas são palavras que correspondem a coisas que servem para que designemos sujeitos particulares, ou conjuntos de sujeitos. A essência de cada particular é um universal. Cada coisa pode repetir-se. Um universal é sempre um particular. Só coisas particulares podem repetir-se, ou dizemos que os universais têm sempre semelhanças com os particualares, em serem isto ou aquilo. São sempre uma coisa específica. Cada universal distingue-se de cada outro e de cada outra coisa, por ser o que é e impossivelmente outra coisa ou necessariamente aquela. Tudo se apresenta com necessidade. É necessário que cada coisa seja o que seja. Isto caracteriza o real, e não os mundos pensados. Na realidade é necessário que cada coisa seja o que seja e cada coisa é o que é. Tudo é específico, tudo tem uma história diferente e tudo com coisas em comum. Tudo se relaciona. Tudo se toca por universais em diferentes quantidades, tudo de específico/diferente se relaciona.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Designadores
Penso que terá ficado por responder a mais difícil das questões, que é: como vai a palavra buscar objectos ao mundo? Falou-se em contexto, mas, ainda assim, como, num contexto, se refere a palavra a um objecto ou conjunto de objectos no mundo?
Designadores
Quando dizemos "O leão é um animal feroz", podemos estar claramente a referir-nos a todos os leões existentes ou, num contexto, podemos estar a referir-nos a um leão particular. Penso que a palavra designa por contexto e que é fixada por convenção. Eu tenho um cão e às vezes na brincadeira digo: isto não é um cão, é um dindim. Na verdade, os objectos naturais poderiam ter outros nomes que nada neles mudaria (mas isto é óbvio). Isto só significa que os nomes dos objectos naturais são-lhes dados por convenção e que designam em contexto. O nome "leão" pode designar todos os leões existentes ou um leão particular, dependendo do contexto de uso da frase, por exemplo da frase "o leão é um animal feroz".
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Flags of our fathers
Já não vou ao cinema há meses. Eu, que por vezes ia semanas seguidas, várias vezes por semana. Talvez o novo filme de Clint Eastwood seja uma boa motivação para voltar à sala escura.
terça-feira, janeiro 09, 2007
Designadores
De repente ocorreu-me: eu não acho que os nomes designem directamente, pois por exemplo na música "Hey, hey, my, my" Neil Young diz a frase "Is this the story of a Johnny Rotten" e não está claramente a referir-se a Johnny Rotten dos Sex Pistols, pois ainda não haviam Pistols nem Rotten aquando da escrita dessa canção. Se o nome designasse directamente, designaria todos os Johnny Rotten então existentes, o que é absurdo, pois sabemos bem que há pessoas com nomes iguais, por exemplo com o nome Paris, e por vezes só designamos uma delas (que é por exemplo nossa amiga). Se o nome designasse directamente, quando disséssemos Paris designaríamos todas as pessoas com o nome Paris, mais, designaríamos todos os ojectos existentes com o nome Paris, o que não é verdade. Por isso, os nomes não designam directamente, mas por meio de um mecanismo, que creio ser um mecanismo mental. Imagine-se que há um velho que mora numas montanhas inacessíveis, e que esse velho se chama Zaratustra, e que só uma pessoa existente o conhece. Quando essa pessoa morrer, deixa de poder designar-se esse velho quando se usa o nome Zaratustra. Por isso, há um mecanismo mental envolvido na referência através de nomes. Podemos até supor que há um mecanismo mental (o mesmo) envolvido na referência através de qualquer tipo de palavras.
segunda-feira, janeiro 08, 2007
domingo, janeiro 07, 2007
Viagens
Um momento fantástico que tive com álbuns de bandas foi quando fui para Praga, sozinho, a ouvir o excelente "Macrophage" dos S.U.N. Project. Ia completamente em ácido (Hoffman) no avião, na última fila de trás, e nunca mais esquecerei olhar por uma janela e ver o dia e olhar pela outra e ver a noite. O avião fez escala em Amesterdão e eu, que não podia perder a oportunidade, decidi ir perder-me nas coffee shops da cidade. Eram cerca das 9 da manhã e só encontrei uma coffee shop aberta - serviu. Parti depois para o aeroporto completamente high e andei às voltas a tentar arranjar avião para Praga, pois tinha perdido o meu voo. Arranjei avião e sem ter que pagar taxa. Cheguei a Praga sem dinheiro nenhum no bolso (para onde teria ido?) e entrei num autocarro sem pagar. Cheguei ao hotel e caí literalmente na cama. O meu pai, que ia ter comigo, diz que chegou e tentou acordar-me em vão. Deve ter sido dos mais belos sonos.
Freakalhoco
Dos 4 álbuns que tenho de Rabih Abou-Khalil o meu favorito continua a ser o "Yara" e a minha música favorita é a primeira - faz-me lembrar o Alentejo em tempo seco de Verão. Ainda assim, a minha parte favorita de uma música é aquela parte mística do "Through the Window".
Foi um artista que conheci quando fiz um trabalho sobre o poeta Khalil-Gibran, altura em que apresentei o trabalho ao som de "Yara" e num ambiente de luz negra. A verdade é que a professora não ficou muito contente com a apresentação, e até interrompeu o que se preparava para ser um êxtase místico (estou a brincar), mas a verdade é que nunca esquecerei esses mesmos tempos em que deambulava inspirado no metro da cidade meio freakalhoco.
Foi um artista que conheci quando fiz um trabalho sobre o poeta Khalil-Gibran, altura em que apresentei o trabalho ao som de "Yara" e num ambiente de luz negra. A verdade é que a professora não ficou muito contente com a apresentação, e até interrompeu o que se preparava para ser um êxtase místico (estou a brincar), mas a verdade é que nunca esquecerei esses mesmos tempos em que deambulava inspirado no metro da cidade meio freakalhoco.
Anastacia
Anastacia, Heavy on my heart. Confesso que esta senhora me impressionou muito com o álbum que tem este tema, depois de vir de um universo mais puramente pop. Grande, e natural, voz. Grande tema pop/rock, este. A letra diz-me muito e as músicas têm sempre essa coisa de as associarmos a momentos.
sexta-feira, janeiro 05, 2007
Excelência
Há realmente pessoas que dedicam as suas vidas à excelência. Gostava de ser assim. Mas tenho tempo.
Glamour
Tenho pensado por vezes sobre o glamour. E penso que o glamour é criação, e que tem algo de fantasmático, de disfarce. É pôr uma coisa onde ela não existe. É superficial. O fundo mantém-se o mesmo.
Estrelas pop
Para além disso, as estrelas pop são adoradas por milhares de pessoas. Essa vontade de adoração - se existe - está bem descrita no excelente single "I wanna be adored", dos Stone Roses.
Estrelas pop
Há algo que me fascina nas estrelas pop, que é o facto de chegarem a tantas pessoas. Como se a sua arte fosse algo muito universal capaz de tocar milhares de pessoas. Claro que há muito marketing por trás, muita imagem mas, ainda assim, a sua música toca milhares de pessoas.
Estrelas Pop
As 4 maiores estrelas pop femininas: Madonna, Kylie Minogue, Britney Spears e Christina Aguilera.
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Prefiro a excelente versão jazzy de Madeleine Peyroux. Podem encontrá-la na íntegra na secção de media no álbum "Careless Love" no site oficial de Madeleine Peyroux. Vão lá porque vale a pena.
Prefiro a excelente versão jazzy de Madeleine Peyroux. Podem encontrá-la na íntegra na secção de media no álbum "Careless Love" no site oficial de Madeleine Peyroux. Vão lá porque vale a pena.
terça-feira, janeiro 02, 2007
Solidão, sobrevivência
O tom deste blogue é em geral deprimente. Talvez seja um reflexo da minha própria depressão. Às vezes sinto que não conseguiria sobreviver sozinho neste mundo - e isso assusta-me. Procuro as palavras certas para dizer que quero apenas apreciar os pequenos e bons momentos e ter um pouco de felicidade e não as encontro. Tema: Moby, In this world
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Subscrever:
Mensagens (Atom)