Este texto centra-se num argumento, cujo operador de maior âmbito é uma disjunção (assinalada por "Ou então"), acerca da origem do bem e do mal. Na primeira frase disjunta, reduz-se ao absurdo a hipótese de que Deus criou o bem e o mal, afirma-se depois que cada um deles se cria a si próprio e que as pessoas, porque criam bem e mal, são (pelo menos em parte) bem e mal e que, sendo estes únicos, todas as pessoas são (pelo menos em parte) o mesmo.
Na segunda frase disjunta, propõe-se que o bem e o mal tenham origem, respectivamente, num Ser completamente bom (mas com mais atributos - os bons) e num Ser completamente mau (mas com mais atributos - os maus) e parte-se para uma tese religiosa em que o Bem, Todo-Poderoso, reconhece que o mal não é completamente mau e executa um plano, na sua omnisciência, para o tornar bom. Explica-se então o porquê do nascimento do mundo e do homem, o porquê do sofrimento, do belo e do feio, algumas características do mal, o modo como devemos decidir e viver, a natureza do homem, a tarefa do homem no mundo e o destino final do homem. Tenho pensado (o texto foi escrito ontem à noite) que fica por explicar a origem do mal. Talvez para uma outra altura. Espero que gostem do texto, que o aproveitem e que o critiquem da forma que acharem adequada:
Deus cria tudo o que existe.
Deus cria o bem e o mal.
Se algo é completamente bom, não cria mal.
Se algo é completamente mau, não cria bem.
Deus não é completamente bom nem mau.
O bem é completamente bom.
O mal é completamente mau.
Se algo não é completamente bom, não cria o completamente bom.
Se algo não é completamente mau, não cria o completamente mau.
Deus não cria o bem e o mal.
Só o bem é completamente bom.
Só o mal é completamente mau.
Só o bem cria o bem. Só o mal cria o mal.
Se algo se cria a si próprio, sempre existiu.
O bem e o mal sempre existiram.
As pessoas criam bem e mal.
As pessoas são (pelo menos em parte) bem e mal.
As pessoas (pelo menos em parte) sempre existiram.
Só há um bem. Só há um mal.
As pessoas são (pelo menos em parte) o mesmo.
Ou então
Há um ser completamente bom que cria o bem.
Há um ser completamente mau que cria o mal.
E nenhum se cria um ao outro.
Caso em que o bem e o mal também existem desde sempre
Porque o ser teria de ser completamente bom para criar o bem
E o outro completamente mau para criar o mal.
Seja como for
O bem existe desde sempre e provém de algo completamente bom
O mal existe desde sempre e provém de algo completamente mau.
Nenhum destes seres é todo-poderoso
porque se fosse teria poder para destruir o outro.
A menos que o bem não queira destruir o mal
Mas transformá-lo em bem
Fazê-lo ver o mal que há em ser mau
E redimi-lo através do arrependimento.
Assim,
O bem quer fazer ver ao mal a natureza boa que está no seu fundo
Quer fazê-lo encontrar a sua natureza boa.
Assim, para o bem,
O mal não é completamente mau
Contém no fundo uma bondade para a qual não está a olhar
Que não vê, que escolhe não ver, que esconde de si
Vive na mentira, no medo, na irritação
Em todas as coisas más que vivem em quem não olha para sim mesmo:
O mal não olha para si mesmo.
Ou vê, mas vê apenas a aparência.
Tem a mente retorcida.
O bem transformou o mal em carne
E deu-lhe sentidos e mente
Para que pudesse ver o que é bom e o que é mau
O que é belo e o que é feio
Para que pudesse pensar e escolher e redimir-se
Para que se tornasse bom.
Para que perdesse o medo e as atitudes morais negativas.
Por isso devemos escolher sempre com amor e coragem
Em vez de com ódio e com medo
Para que transformemos o mal em bem
para que nos tornemos bons.
Só nos tornaremos bons com decisões desse género.
Se calhar os homens até nascem bons.
Mas muitas vezes se revela o mal nas nossas infâncias
E tendemos a tornar-nos desconfiados, preguiçosos e amigos dos prazeres fáceis.
Devido às necessidades e dificuldades da vida
E à vontade desmesurada, impensada, impulsiva
De e para ter prazer.
As decisões corajosas e com amor
Eliminarão muitas destas nossas facetas
E tornar-nos-ão melhores, mais seguros e mais felizes.
Decidir com coragem
É decidir sem ter medo de enfrentar os outros ou nós próprios.
É não ter medo de ser do contra.
Não remar para um lado só porque todos os outros o fazem.
Decidir com amor
É decidir visando o bem. Visando o bem daquele sobre o qual recai o efeito da decisão.
Por exemplo, se se trata de um aborto, sobre o feto
Se se trata de uma eutanásia, sobre o doente
Se se trata de política, sobre o povo.
Decidir com amor
É também ser responsável.
Ser reponsável é analisar cuidadosamente as consequências da nossa decisão antes de decidirmos.
Tudo isto nos tornará melhores e mais capazes de tomar as melhores decisões.
Decisões mais correctas.
Seremos mais felizes
Porque teremos mais consciência de nós próprios
E teremos consciência de que nos tornámos melhores
E isso far-nos-á sentir bem connosco próprios.
Isso melhorará claramente a nossa relação com os outros
Pois em vez de nos irritarmos quando forem ainda maus
Tentaremos compreendê-los, qual o erro, a fonte do seu sofrimento
E ajudá-los.
Tornar-se-ão melhores
Se decidirem olhar para a verdade
Ou se os fizermos vê-la
E sentir-se-ão bem.
Passarão também a ajudar os outros
Bons e maus
Uns para que continuem a ser bons
Outros para que se tornem bons.
Viveremos todos com felicidade e esperança.
Esperança nas belezas e alegrias que vêm e virão
Mesmo em dias de desespero
Pois nenhum homem é completamente triste.
Há sempre bem dentro de nós.
Os homens que não se tornarem bons
Reencarnarão até que isso aconteça.
Os que se tiverem tornados bons
Repousarão eternamente junto de seu Pai
E serão um só com Ele.
quarta-feira, setembro 19, 2007
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