sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Momentos
Os momentos a que me refiro no post "O que gosto de fazer" foram momentos belos, momentos grandiosos, porque tive intuições fantásticas acerca da nossa existência neste mundo. Penso agora que talvez em ambos eu estivesse um bocado votado à solidão. Mas o que se impôs não foi a solidão, mas a beleza de ambos os momentos. Foram verdadeiros momentos de espanto. E tudo aconteceu ali, não sei porquê, não sei porquê nesses momentos. Ainda não sei bem descrevê-los, mas sei que alteraram a minha visão do mundo. Talvez isso tenha sido um dos pontos de interesse, ter intuições que alteram a nossa visão do mundo. Há momentos outros que servem, penso, para sedimentar esse espanto, como quando se sai de carro sozinho a conduzir para lado nenhum; é sempre o para lado nenhum e em lado nenhum que provoca o espanto. Quando saimos da rotina e enfrentamos o nada. Quando nos tornamos nada, expressão poética, tudo se transforma e o mundo ganha um novo significado. Parece que tudo renasce e com esse renascer uma esperança, a de saber o que fazemos aqui, quem somos, tudo isso. Ilusões, renascem ilusões, mas ilusões que mudam a nossa visão do mundo. Como se por momentos nos fosse permitido partir de novo, da estaca zero, nesta viagem. Como se a vida fosse uma eterna viagem para lado nenhum, em que o nosso papel fosse, simplesmente, contemplar, observar em nosso redor e achar tudo muito belo e causa de espanto. Como se fôssemos seres pensantes em completa ignorância de tudo, desconhecendo os nomes das coisas. Apenas as observamos e espantamo-nos com elas. Não queria nunca sair desse estado, pois é a verdadeira iluminação. Um dia, não para observar o efeito da luz em nós, mas por acaso, decidi andar por um passeio muito branco com o Sol completamente de frente para mim, e então foi uma verdadeira experiência de espanto em relação ao efeito da luz em nós. Eu não via o branco do passeio, apenas a luminosidade. Já experimentaram? É uma experiência que compensa - imediatamente ideias de beleza, belas, vieram ao meu pensamento e pensei: isto é o contrário da experiência da escuridão. Já experimentaram a escuridão? O lugar onde os nossos monstros se mostram, ao contrário da luz, o lugar onde as ideias se mostram. Parece que num caso há a imaginação a trabalhar, no escuro, e no outro há ideias a aparecer, a vir de encontro à nossa mente. São ambas experiências interessantes.
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