quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Trolley

O caso do trolley é extremamente interessante. E parece ser insolúvel. No caso de mudarmos as linhas, causamos sofrimento desnecessário a uma pessoa e evitamos a morte de cinco pessoas. Talvez a tendência natural, imaginando que estamos nessa situação, seja mudar as linhas para evitar o maior número de mortes possível. E daí não sei, porque estaríamos, nós, a causar a morte de uma pessoa. Será que se não agíssemos estaríamos a causar a morte de cinco pessoas? Não. A morte das cinco pessoas é causada pelo comboio. Mas estaríamos a permitir a morte de cinco pessoas, sabendo que poderíamos evitá-la. O ideal seria salvar a vida das seis pessoas, mas isso é impossível. O melhor que podemos fazer, parece-me, a opção mais correcta, é evitar o maior número de mortes possível e, assim, mudar as linhas, não provocando, mas permitindo, a morte de uma pessoa em vez da de cinco. No caso, alguém tem de morrer. Pelo menos uma pessoa. Portanto, nós nem sequer permitimos a morte de uma pessoa, pois é necessário que pelo menos uma morra. Não depende de nós. O que depende de nós é se morre apenas uma ou mais do que uma. Parece-me que estamos a agir correctamente ao mudarmos as linhas e evitarmos a morte de cinco pessoas, com a morte de uma. Estamos a agir com o fim de que haja o menor número de mortes possível e é o máximo que, nessa situação, podemos fazer: não evitar uma morte.

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