sábado, abril 14, 2007

Caminhadas

Já gostei mais de andar a pé perdido pelas ruas da cidade. Antes, fazia-o quase diariamente. Agora, já não conto o tempo há que não enceto uma dessas minhas caminhadas. Fazia-o sobretudo na altura em que fumava charros, em que, ao fim do dia, apanhava o autocarro para o Bairro Alto, comprava haxixe, enrolava uma e descia fumando pelo Chiado, até à Baixa, onde apanhava o autocarro para casa. Durante as tardes ia passear para a zona da Gulbenkian, onde ia fumar uma e beber outras no café. Mas houve uma altura da minha vida em que saía da faculdade, na Cidade Universitária, e caminhava até à zona do Saldanha, ou momentos em que me decidia por apanhar um autocarro logo ali no Campo Grande até ao Bairro Alto. Os meus percursos são um bocado estes: Bairro Alto, Gulbenkian, Entrecampos, Campo Pequeno. Houve uma altura em que gostava muito de, aos fins de semana, ir para o jardim ao lado do Museu Nacional de Arte Antiga, caminhando desde a zona do Cais do Sodré até lá, subindo as escadas e chegando ao jardim. Aí, enrolava uma e ficava a ver os barcos passando - uma boa paisagem. Mas houve uma altura em que fazia esse percurso à tarde, durante a semana, parando nos cafés e tascas, desde o Bairro Alto, para beber umas cervejas. Entrei em cafés de que já não me lembro e escrevi inúmeros poemas nessas aventuras citadinas. Poemas de um teor mais intimista daqueles - ou da prosa - que aqui escrevo, poemas que se escrevem em cadernos para nunca serem lidos. Foram bons tempos e embora agora esteja mais caseiro - especialmente desde que abriu um bar pertíssimo de minha casa -, penso que voltarei a fazer algumas dessas longas caminhadas por Lisboa.

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