Vivências, personalidade

Não sei sobre que escrever... sinto que não tenho nada para dizer... mas tenho tanto para contar... só posso contar a minha vida... a minha experiência... memórias das minhas sensações... pois nada mais sinto... nada mais tenho... nada mais é meu... sinto que tenho memória de cada momento da minha vida... ainda que essa memória habite no lugar mais recôndito da minha mente... acho que guardamos cada pedaço da nossa vida... a memória é um santuário de sensações... nada mais há... nada mais há do que sensações... boas... más... indiferentes... emoções... nada mais há do que sensações e emoções... emoções são sensações... são percebidas pela mente... não apreendidas de fora... resultantes das sensações e do que mais se está a pensar... no fundo há vivências... as vivências são diferentes daquilo que acontece... o que acontece é objectivo... as vivências são subjectivas... em última instância só há vivências... o todo exterior apreendido por uma mente que percepciona a partir de um determinado ponto de vista... o meio em que está... a sua personalidade... os genes em interacção com o meio... o meio é passado e presente... os genes em interacção com o meio presente e com a memória... a maneira como a memória nos afecta... é enorme... é um dos três grandes motivadores do nosso comportamento... os outros são o meio presente e os genes... a memória é o que leva uma certa pessoa a ter uma certa vivência e não outra face a uma certa situação... a memória e o relembrar são constitutivos da nossa personalidade... nós construímos a nossa personalidade... mas há algo que está connosco desde o início... uma maneira de ser que reconhecemos no bebé e no adulto... não chamaríamos a isso personalidade? Será que a personalidade é construída ao longo do tempo ou é inata? Sabemos que o passado influencia grandemente as nossas decisões, a nossa maneira de ser... mas até que ponto não há algo que existe em nós desde que nascemos, uma maneira de ser, que só se manifesta em raros momentos de lucidez... algo de que estamos a maior parte do tempo inconscientes... mas que está lá sempre e sempre esteve... a nossa personalidade.