domingo, abril 22, 2007

Um belo dia

Aqui venho eu, mais uma vez, escrever sobre nada. Acabo sempre por escrever sobre alguma coisa, porque a meio do texto aparece-me sempre um tema. Não sei qual é o tema de hoje. Acho que vou apenas escrever até que me apareça alguma coisa. É uma inutilidade, estar a escrever sobre nada. É mesmo só pelo prazer de escrever. Mas são textos inúteis, que não levam a lado nenhum. Também, o texto não tem de nos levar a algum lado. Pode ser apenas um conjunto de pensamentos sobre alguma coisa. Neste caso é sobre a utilidade do próprio texto e sobre a falta de imaginação. Às vezes falta-me imaginação para criar algo novo e útil, de versar sobre um tema específico. Também, não posso passar o dia todo a escrever poemas, porque não consigo. Como já disse em textos anteriores, é intelectualmente muito exigente. Posso escrever estes textos apenas para treinar a escrita. Quanto mais escrever, melhor escreverei. Na verdade, os textos não têm de ser sobre um tema pré-definido, podem versar sobre si próprios. Há um filme, "Finding Forrester", com Sean Connery, em que este, às tantas, diz ao seu aprendiz de escrita que deve primeiro escrever e só depois pensar. Isso aplica-se ao que estou a fazer. Estou a escrever sem ter a mínima ideia sobre o que vou escrever. Limito-me aos meus pensamentos do momento e a teclar. Mas os meus pensamentos do momento são precisamente sobre o texto que estou a escrever e não vou para lá dele. Talvez estes textos sejam um momento de descontracção por entre as coisas mais sérias que escrevo. Não que escreva coisas muito sérias, mas refiro-me às coisas mais pensadas, como poemas e afins. Dá-me enorme gozo escrever poemas e também me dá enorme gozo escrever estes textos. São, ambos, exercícios de escrita, em que partimos do zero e acabamos por construir alguma coisa. Estes textos não são de todo inúteis, pois servem para que treine a minha escrita e a capacidade de improviso, mas hoje estou mesmo sem tema. Está um belo dia lá fora.

Sem comentários: