sábado, abril 14, 2007

Escrever/3

Eu não diria que sou uma pessoa muito ambiciosa, no sentido de querer ter uma grande carreira e um grande apogeu na carreira numa profissão qualquer. Mas gostava de ser lido. Não sei que pontos de interesse tem a minha escrita, mas alguns há-de ter, nem que seja pelo simples facto de a maioria das pessoas comuns - e o que são pessoas comuns? - não escrever e logo não ter algo com que se identificar. Talvez gostasse que as pessoas se identificassem com a minha escrita, mas o que significa isto? "Identificarem-se com a minha escrita". Balelas, gostava apenas de ser lido para ter a certeza de que a minha expressão alcançava o máximo número de pessoas possível. Mas a minha escrita alcança, de momento, poucas pessoas, talvez por ser demasiado banal, por poder ser escrita por qualquer um. Talvez as pessoas não queiram chegar ao fim do dia e ler algo que poderia ter sido escrito por elas mas, sim, ler histórias mirabolantes que as tirem da realidade, ou então não - temos os viciados em informação que passam a vida a actualizar-se, os viciados em publicidade, que a adoram, e temos o outro grupo, já referido. E pessoas que queiram ler coisas banais, há por aí alguma? Será que creio que a minha escrita é banal? No fundo, no fundo, não creio, creio que escrevo bem e tenho um certo orgulho nisso mas, mais uma vez, talvez seja apenas uma mera suposição minha, uma mania. Todas as pessoas têm manias e eu tenho a mania que a minha escrita há-de interessar a alguém. Até agora, em sete meses de blogue, tenho um comentador, e um linque. Não é bom sinal. Talvez devesse libertar-me mais e escrever mais textos deste género, em vez de estar a escrever textos sobre assuntos à partida estipulados. Seja como for, dê por onde der, continuarei a escrever e espero um dia ser lido. Mas será que escrevo apenas na esperança de um dia vir a ser lido? Espero que não, mas eu tenho muito esta crença de que nos desconhecemos a nós mesmos, que há muito de nós que permanece inconsciente e que, portanto, muitas vezes, desconhecemos os nossos próprios motivos.

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