domingo, abril 08, 2007
Não se faz nada
Regressei agora do Alentejo... está um dia cinzento... os cafés estão fechados... não se faz nada... apetecia-me estar na praia num dia de Sol... ouve-se a Psyradio... esta coisa das rádios por internet é muito boa... a Psyradio passa 24 sobre 24 horas de música sem interrupções... não se faz nada... daqui a bocado é hora de jantar e passou-se mais uma Páscoa... os feriados religiosos não me dizem muito porque não sou católico... são apenas feriados ou férias... não se faz nada... estou sozinho em casa a teclar... daqui a bocado é segunda feira e amanhã tenho assuntos a tratar... tenho de tratar da minha vida... agora vou ter de arranjar trabalho... apetecia-me estar sempre na praia... será que há alguém no mundo que more numa praia? Penso que sim, há casas em praias... em Sagres, mesmo por cima do Martinhal, no lado esquerdo de quem está virado para o mar, há uma casa... acho que tem uns enormes vidros que dão para o mar... gostava de morar num sítio onde se pudesse estar na praia todo o ano ou então ter uma casa na praia... mas isso é coisa de ricos, só para quem pode... aos outros resta passar uma vida a sonhar... ou umas férias... seria tão bom que pudéssemos estar sempre de férias... acredito que há pessoas que estão sempre de férias mas, melhor, acredito que há pessoas para quem os seus trabalhos são como que ocupações de que gostam, que fazem com prazer, sem custo ou com menor custo... gostaria de passar o máximo tempo possível na praia... às vezes penso que gostaria de morar numa ilha deserta, mas isso é impossível... e é apenas um sonho, sem qualquer objectivo de realidade, pois há pessoas de quem gosto e com quem gosto de estar... às vezes penso que gostaria de viver como que numa tribo... isolado do resto da civilização... mas, mais uma vez, é apenas um sonho... que se não quer real... ou será que? O mundo não é perfeito, a vida não é perfeita, temos de sofrer... nunca podemos plenamente escolher, a menos que sejamos uns privilegiados... muito privilegiados... resta-nos a nossa imaginação e uma certa dose de conformismo... conformismo... eu, neste momento, estou a ter prazer e não estou na praia... estou a escrever e a ouvir música... quanto tempo e paciência terei para escrever quando trabalhar? O que mudará na minha vida? Tornar-me-ei uma pessoa mais banal do que já sou? Será que depois do trabalho virei para casa ver televisão? Será que irei ao hipermercado ao fim de semana? Comprarei os discos que estão no top? Tirarei 22 dias de férias no Algarve? Serei mais um parafuso na engrenagem? Acabar-se-ão os meus sonhos? Cairei na realidade? A minha realidade será igual à de tantas outras pessoas que "trabalham, consomem, morrem", como se costuma dizer? Não quero ir ao hipermercado ao fim de semana, não quero comprar os discos que estão no top, para ir para o Algarve só se for para Sagres... quero conseguir ter uma vida o mais chill-out possível... não quero entrar em grandes superfícies comerciais... quero estar fora de tudo isso... quero ver pouca televisão, quero internet... quero blogues, quero livros... quero alguns livros que já tenho... não quero muita coisa... quero paz... serei mais um formatado? Que caminho seguirei? Não tenho muito por onde escolher - vai ser trabalhar das 9 às 5... mas depois do trabalho não quero o que as massas consomem... não quero televisão sentado no sofá a apodrecer... não quero concertos sobrelotados... não quero cinema ao sábado à tarde... não quero sair à 6ª feira ou ao sábado à noite... não quero o que as massas consomem... quero ouvir reggae, chill-out, goa trance, electrónica... tocar na minha guitarra acústica... fazer música no computador... acho que nem quero ter televisão... quero apenas um portátil com ligação à net... com software de produção de som... basta-me o Fruity Loops para brincar... quero os cd's da Future Music e da Computer Music... e quero e não quero tantas outras coisas... não se faz nada.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Conheço essa casa no Martinhal... melhor dizendo, não há ninguém que vá ao Martinhal sem se aperceber dela. E naturalmente ficamos todos invejosos...
Enviar um comentário