quinta-feira, abril 05, 2007
A vida e a morte
Claro que numa sociedade perfeita - entenda-se sem conflitos sociais -, teremos ainda de saber lidar com a doença e com a morte. Mais do que lidar com a morte por velhice, em paz, teremos de saber lidar com a morte por acidente, pois haverão sempre acidentes. Como pacificar quem sofre com a perda de um ente querido? Não encontro pacificação possível. Não podemos simplesmente esquecer o passado, nem acho que devamos fazê-lo. A vida continua, mas com uma enorme cicatriz, uma enorme ferida. Temos de conciliar-nos com a nossa dor. Isso acontece com o tempo, mas há feridas que nunca saram. Temos de aprender a viver com as nossas feridas. Temos de chorar. Talvez chorar seja a melhor maneira de curar as nossas feridas. Mas nunca estão completamente curadas. Temos de carregá-las para o resto das nossas vidas. Por isso carregamos connosco uma tristeza eterna. Não acredito que haja alguma vida perfeita - todas as pessoas sofrem com a morte dos entes queridos. Resta-nos a memória dos bons momentos. E a crença de que os nossos entes falecidos estão em paz. Podemos ver a morte como uma espécie de pacificação. Mas é muito difícil, se não impossível, dissociá-la de uma certa tristeza pelo desaparecimento de alguém que amamos. Não sei se será assim em todas as culturas, mas na nossa é.
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