Na verdade, o conceito que mais me interessa, que mais me fascina, é o de infinito. Mas este não me interessa por ser infinito, mas porque é beleza e amor. E o de beleza interessa-me, não por ser belo, mas por ser amor. E o de amor interessa-me, não por ser amor, mas por despertar em mim emoções e sentimentos que mais nada desperta. Emoções e sentimentos que me transportam para uma espécie de viagem mental, em que pareço encontrar uma origem ou um sentido para tudo isto, para a existência; portanto, que me transportam para aquilo que penso ser a verdade acerca das coisas, mas a verdade interessa não apenas por ser verdade, mas por ser uma bela verdade, ainda que seja ilusão, o que é discutível.
Mesmo que a verdade fosse horrível, não seria belo conhecê-la?
Há quem diga que não, há quem diga que sim. Os que dizem que não, argumentam que, muitas vezes, escondemo-nos da verdade acerca de nós próprios, porque é mais confortável viver uma ilusão mais bela, mais próxima daquilo que gostaríamos de ser. Os que dizem que sim, argumentam que conhecer a verdade é sempre melhor e que é através do conhecimento da verdade que podemos transformá-la e tornarmo-nos melhores.
Na verdade, tanto Aristóteles como Espinoza, um na sua Metafísica, outro na Ética, falam em conhecer as causas; o primeiro, dizendo que é mais sábio aquele que faz conhecendo as causas das coisas e, o segundo, dizendo que é através do conhecimento das causas que podemos reconhecer a necessidade de todas as coisas e, também, tornar as nossas paixões em actividade, sermos activos em vez de reactivos e, assim, vivermos mais abençoadamente, isto é, vivermos melhor, tornarmo-nos melhores.
Mas aquilo de que falo neste post não é acerca de nos tornarmos melhores, mas acerca de vivermos experiências abençoadas, experiências de contemplação, experiências em que o infinito, a beleza e o amor estão presentes e, por consequência, as respectivas emoções e sentimentos.
Começo, aos poucos - tenho-me vindo a aperceber -, a dar mais importância aos sentimentos, porque as emoções são algo de mais bruto e imediato e que se reporta mais directamente ao real percepcionado, enquanto que os sentimentos têm essa dimensão mais contemplativa, mais supra-terrena, que nos transporta para o seio do grande mistério.
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