sexta-feira, outubro 12, 2007

O fundo do Universo e o fundo do humano

Em tempos, escrevi que as emoções são o fundo do Universo e que o Universo é constituído, na sua raíz, por emoções. Escrevi também este texto, intitulado "Partículas últimas".

A busca das partículas últimas é a busca da categoria ontologicamente básica do Universo, e aquela que tudo é. Isto é uma tendência monista, que tende para dizer que tudo é uma mesma coisa. É evidente (ou parece ser) que tudo não é uma mesma coisa, afinal, mesmo que tudo fossem sentimentos, haveria sempre o amor e o ódio. Porém, podemos dizer que, embora tudo não seja uma mesma coisa, tudo é, ontologicamente, uma mesma coisa e que há uma mesma coisa e vários modos dela, de ser ou de apresentação.

Regresso agora a estes textos, porque me pareceu importante, dado o assunto de que tenho estado a tratar: afinal, procurar e rejeitar a substância e dizer que só há propriedades, rejeitar as propriedades e encontrar as condições, etc., é a busca, neste caso exclusivamente a priori, isto é, mental, com tudo o que isso implica (imaginações, raciocínios, memórias, sentimentos, emoções, desejos... as mais variadas operações mentais e consciencializações), dos constituintes básicos do Universo.

Não sei quais são. E talvez seja uma pessoa pouco habilitada para o fazer, dado que há pessoas, nomeadamente cientistas e filósofos, que o fazem incessantemente, numa busca repleta de estudo e de dedicação. Eu faço-o, apenas, pensando. E pensar implica todo o meu historial de informação, de memória e as restantes capacidades que tenho.

Por isso, não espero encontrar uma resposta que satisfaça convencionalmente, isto é, a resposta que eu der, aqui, no blogue (afinal isto é só um blogue...), não se supõe uma resposta com a seriedade necessária de uma resposta científica. Mas isto é algo que julgo que o leitor já sabia, sendo que, no entanto, reafirmo-o, para que não pense que tenho pretensões que não tenho. Obviamente, gostaria que a minha resposta fosse verdadeira - quem não gostaria? Obviamente, gostaria que a minha resposta fosse levada a sério e estudada - quem não gostaria? Porém, isto é apenas um blogue.

E que resposta tenho para dar, acerca de quais são os consituintes únicos da realidade? Se antes disse que são emoções, agora digo que são sentimentos.

Na verdade, uma resposta puramente lógica, e baseada em conceitos da lógica, é insatisfatória, porquanto diga que ser é ser uma condição necessária para uma condição suficiente e uma condição suficiente para uma condição necessária, isto é, que tudo vem de algo e que algo vem de tudo, estarei, apenas, a referir-me ao processo de vir a ser, de ser e de deixar de ser, e não a dizer o que é o ser. Pois, parece-me, o ser é aquilo que se encontra entre ser uma consquência de algo e uma antecedência de algo.

Quando respondi que as emoções são o fundo do Universo, isto é, que o Universo são emoções e modos de emoções, fi-lo por uma razão: é que procurei o fundo do Universo no fundo do humano. Por que o fiz? Porque pensei que encontraríamos em nós, no nosso fundo, o fundo do Universo, uma identidade. Não quero ensofismar ninguém. Por que julguei existir essa identidade (e julgo)? Porque se estamos no e somos Universo, e se temos origem na origem do Universo, temos a mesma marca que o Universo tem, o mesmo fundo, que é a origem. Penso que está explicado.

Quero apenas acrescentar que, em princípio, não me referirei mais a "origem", dada a infinitude do Universo. Assim, passarei apenas a falar em Universo, humano, fundo do Universo e do humano, etc. Talvez tenha assimilado a ideia, de Espinoza, de que Deus é igual à Natureza. Igualmente, não falarei em Deus ou Natureza, mas apenas naquilo que referi.

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