Encontro a beleza, o amor e o infinito sempre juntos. São os três belos, amáveis e infinitos. Despertam, em mim, os três, os mesmos sentimentos. Esses sentimentos poderiam ser reduzidos a um, a que chamaria "amor".
No entanto, se quisermos distingui-los, podemos, então, dizer que são três propriedades de uma mesma coisa. Penso que "uma mesma coisa" pode ser interpretado como "uma colecção de propriedades".
Deste modo, tendo em conta que distinguimos as três propriedades umas das outras - algo ser belo, algo ser amável, algo ser infinito - e, também, tendo em conta a possibilidade de existirem fenómenos e coisas em si, diríamos que os fenómenos são as propriedades e as coisas em si são as colecções de propriedades (refutado abaixo). Na verdade, somos capazes de distinguir propriedades umas das outras (a beleza, o infinito) e somos capazes de distinguir colecções umas das outras (ser belo, ser um computador). No entanto, se nos perguntarem pela completa definição de uma colecção de propriedades, qualquer que ela seja, seremos incapazes de dá-la, pois não conhecemos tudo. Mas o que é "não conhecer tudo"? É não conhecer todas as propriedades. Por não conhecermos todas as propriedades é que o conhecimento das colecções é incompleto.
Assim, não diríamos que as colecções são as coisas em si, mas apenas que há propriedades que desconhecemos. Na verdade, o que são colecções de propriedades? São propriedades que têm a propriedade de estar juntas pela propriedade da necessidade ou pela propriedade da compresença, o que faz delas nada mais do que são: propriedades. Só há propriedades. Não conhecer algo significa não conhecer uma ou mais propriedades. Põe-se então a questão: poderemos conhecer todas as propriedades?
Há um problema, acerca das propriedades e do seu conhecimento, que é o seguinte: ou há propriedades básicas, que constituem as outras e que não são constituídas (pelo menos por outras diferentes delas) e que são eternas embora a sua compreensão e portanto do mundo não implique uma regressão ao infinito, ou não há propriedades básicas e a compreensão do mundo está condenada a implicar uma regressão ao infinito e a ser necessariamente incompleta.
Neste último caso aproximamo-nos, penso, da tese budista da interdependência de todas as propriedades. Talvez seja assim, talvez não - ambas as teses são possíveis, mas só uma delas é verdadeira e, enquanto seres que procuram o conhecimento (e o que é procurar o conhecimento senão procurar a verdade?), queremos saber qual delas. Colocam-se então as questões: poderemos sabê-lo? Como? O que é "saber"?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário