terça-feira, outubro 09, 2007

O poder causal e a inexistência de propriedades independentes de colecções de propriedades excepto possivelmente a necessidade, a verdade e o bem

Neste post, a existência foi definida como "a propriedade de ter poder causal sobre propriedades ou colecções de propriedades". Disse-se também que um objecto existe se, e só se, tem poder causal sobre objectos (outros ou si mesmo). Objectos são propriedades ou colecções de propriedades. O que é, então, ter poder causal? É poder alterar colecções de propriedades, acrescentando ou retirando propriedades a essas colecções, como quando algo bom se torna mau, ou poder alterar propriedades, acrescentando-lhes ou retirando-lhes algo, como quando algo se torna melhor ou pior do que era, permanecendo no entanto como era, bom ou mau. Tenho, no entanto, dúvidas quanto às propriedades que não são colecções poderem ser alteradas sem que existam numa colecção, pois como se torna o bem melhor do que é ou o mal pior do que é?

É, no entanto, possível, numa colecção, torná-la melhor ou pior, se se acrescentar ou retirar outras propriedades, como a humildade, o estudo ou a arrogância e estas, por sua vez, só podem ser alteradas a partir de outras, como o arrependimento e o perdão, a concentração ou a humildade e a ausência de medos, a total expansão do indivíduo. Por isso, parece-me mais plausível rejeitar a tese de que as propriedades que não são colecções podem ser alteradas mesmo quando não estão em colecções. É que quando não estão em colecções, são necessariamente como são, não sofrem a acção de outras, nem afectam outras que não estão em colecções, mas afectam e são afectadas porquanto estão em colecções. Mas afectar é alterar e é ter poder causal. E dissemos que os objectos existem se, e só se, têm poder causal.

E isto leva-me ao seguinte: não existem propriedades que não pertencem a colecções de propriedades. Não existem propriedades separadas, independentes, de colecções. Só existem colecções de propriedades, isto é, colecções constituídas por propriedades distintas umas das outras, mas propriedades que não existem independentemente dessas colecções, por si (talvez possamos rejeitar esta tese da inexistência de propriedades por si, afirmando que todas as propriedades são afectadas pela necessidade. No entanto, ser afectado não é ter poder causal; ter poder causal é afectar e, por si, as propriedades não afectam, excepto provavelmente a necessidade e a verdade, porque é necessário que as propriedades sejam como são e é verdade que são como são. Logo, aceitamos como possíveis candidatas, a existirem por si, a necessidade e a verdade - e, talvez por causa destas, o bem, pois é melhor haver alguma verdade do que não haver nenhuma e, a necessidade, por sua vez, permite a ordem, o que é bom - e rejeitamos a rejeição da tese em relação a todas as não mencionadas).

Resumindo: existir é ser ou a necessidade, ou a verdade, ou o bem, ou a conjunção dos três, ou uma propriedade numa colecção de propriedades ou uma colecção de propriedades; e existem as propriedades e colecções de propriedades que têm poder para alterar propriedades e colecções de propriedades (poder causal).

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