Este é um texto que escrevi ontem e reescrevi hoje, que começa por afirmar a eternidade do tempo e que, depois, foca o problema das propriedades necessárias (ou a colecção de propriedades necessárias) e da sua distinção. O problema, basicamente, é o seguinte: se se implicam necessariamente umas às outras, como distinguimos umas das outras? Não é conseguida nenhuma resposta satisfatória, mas mostra-se uma condição necessária, mas não suficiente, para a distinção, que é a essência ou a necessidade. Fica, no entanto, por explicar, como é que através de uma ou de outra as propriedades são distintas umas das outras, embora ontem tenha escrito um texto em que a diferença é explicada pela diferença entre ser uma propriedade e ser uma instância de uma propriedade, embora creia que, dada uma breve análise diria quase que instintiva, a tese seja objectada pelo argumento do terceiro homem:
Se existem propriedades eternas,
O tempo é eterno.
Existem propriedades eternas.
O tempo é eterno.
O tempo é uma propriedade ou colecção de propriedades necessária.
Necessárias são também a necessidade e a verdade,
E a unidade e a multiplicidade,
Porque diz-se de todas que são unas quanto à sua essência,
Mas múltiplas quanto à sua constituição.
E por isso existe também, necessariamente, a essência.
Existem, também, eternamente, portanto, a igualdade e a diferença,
Porque são todas iguais à sua essência,
E diferentes do que as constitui.
E são todas em relação umas com as outras,
São necessariamente compresentes
(e por isso existe necessariamente também a compresença),
Constituem necessariamente uma colecção.
Mas se umas implicam necessariamente as outras,
E se estas implicam necessariamente aquelas,
Por que é que são distintas?
Por que é que ora distinguimos a necessidade, ora a verdade, ora a multiplicidade,
Se são inseparáveis? Se quando aparece uma aparecem as outras?
E se quando aparecem estas, aparece aquela?
Ou não existem e o pensamento distingue-as,
Ou não existem e o pensamento não as distingue,
Ou não existem em colecção e são todas distintas e o pensamento distingue-as,
Ou não existem em colecção e são todas distintas e o pensamento não as distingue,
Ou não existem em colecção e são todas indistintas e o pensamento distingue-as,
Ou não existem em colecção e são todas indistintas e o pensamento não as distingue,
Ou são distintas e o pensamento distingue-as,
Ou são distintas e o pensamento não as distingue,
Ou são indistintas e o pensamento distingue-as,
Ou são indistintas e o pensamento não as distingue.
O pensamento distingue-as:
Ou não existem,
Ou não existem em colecção,
Ou existem em colecção.
Existem em colecção:
Existem em colecção, o pensamento distingue-as, e ou são distintas ou indistintas.
"Indistintas", aqui, significa "apenas distinguíveis pelo e no pensamento".
Neste último caso, existiriam em colecção apenas pelo e no pensamento,
Porque o que é indistinguível é uma e a mesma coisa.
Assim, o pensamento distinguiria aquilo que é, por si, indistinto.
Mas isso significaria, por exemplo, que ser uma árvore não seria diferente de ser um homem,
Ou que só o seria pelo e no pensamento.
Na verdade, se não pensássemos, ser-nos-ia indiferente sermos árvore ou homem.
Mas parece que seríamos, ainda assim, seres distintos,
Pelo menos fisicamente.
E isso leva-nos a crer que as propriedades são, por si, distintas,
Embora a tese contrária seja misticamente atraente.
Mas como são, por si, distintas, e existem em colecção,
Implicando-se necessariamente umas às outras,
Temos de explicar como podem ser distintas,
Que era o problema inicial do texto.
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